Uma fêmea de louva-a-deus (Mantoidea) protege a capsula com seus ovos, cujo nome técnico é ooteca. O local é a floresta da Área de Conservacíon Guanacaste, Costa Rica. Os louva-a-deus são insetos predadores com patas dianteiras transformadas para capturar e segurar suas presas (patas raptoriais), visão sofisticada e um sistema neuromuscular extra rápido, e não é a toa que tenham inspirado um estilo de kung fu.
Segundo as evidências atuais, os louva-a-deus e seus primos cupins evoluíram de um grupo de proto-baratas (Blattoptera), diferenciando-se durante o Cretáceo, quando os dinossauros ainda habitavam a Terra e nossos ancestrais mamíferos ainda eram uma nota de rodapé na evolução dos vertebrados.
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Estes superpredadores, como todos os seres vivos, são alimento para outros e é por isso que esta mãe zelosa guarda sua prole por semanas, até seus pimpolhos eclodirem. Os principais predadores dos bebês louva-a-deus são vespas que depositam seus próprios ovos no interior da ooteca, de forma que suas larvas possam se alimentar dos louva-a-deus em crescimento.
Como um louva-a-deus vive cerca de um ano (10-14 meses) e a maioria produz uma única postura, as chances de perpetuar seus genes são poucas e devem ser aproveitadas. Por isso as fêmeas de algumas espécies, como a da foto, passam as últimas semanas de vida guardando a prole e assegurando que nenhuma vespa destrua seus esforços.
Um livro fascinante que sempre recomendo ao pessoal de humanas é “Mãe Natureza”, da primatóloga-antropóloga Sarah Blaffer Hardy. É uma ótima síntese sobre os eternos dilemas que as mães de qualquer espécie enfrentam sobre qualidade versus quantidade, e entre seu próprio bem estar e o da prole.
Estes dilemas ditam a evolução de estratégias reprodutivas que variam da abnegação suicida dos louva-a-deus e outras espécies de vida curta, a espécies longevas que abandonam ou matam seus filhotes sem cerimônia caso a comida seja pouca ou haja mudanças na estrutura social do grupo. No caso de nossa espécie, avós, tias, irmãs e primas ajudam a criar bebês com os quais compartilham seus genes. O olhar darwiniano mostra muito mais sobre o instinto materno do que julga nossa vã filosofia.
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