Desde 1963, a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) homenageia personalidades que dedicaram suas vidas à causa da conservação. Este ano, a ambientalista brasileira Maria Tereza Jorge Pádua foi a escolhida para receber a Medalha Comemorativa John C. Phillips. Assim, não só o prêmio foi concedido pela primeira vez ao Brasil, como ela se tornou a segunda mulher, depois de Indira Gandhi, a ser agraciada com uma das maiores honrarias na área da conservação do mundo.
A condecoração aconteceu nesta terça-feira (06) em Honolulu, no Havaí, onde desde o dia 1º de setembro ocorre o Congresso Mundial da Conservação, evento que reúne a cada quatro anos os principais especialistas de políticas ambientais.
Maria Tereza é uma gigante da conservação, que deixou como legado a criação de mais de 8 milhões de hectares de Reservas Biológicas e Parques Nacionais, incluindo a primeira reserva marinha, o Atol das Rocas, e os parques nacionais da Chapada Diamantina, de Fernando de Noronha, da Serra da Capivara e da Amazônia.
A notícia de que tinha sido escolhida por um júri da IUCN para ganhar a medalha John C. Phillips veio por um e-mail que ela pensou ser trote. Coube ao marido, Marc Dourojeanni, também expoente da conservação no seu país, o Peru, informar que o e-mail não era falso. “Mas esse é o endereço da presidente mesmo, acho que você foi indicada”, afirmou. A surpresa inicial foi dando lugar à alegria do reconhecimento pelo trabalho que realizou ao longo de uma vida, em especial entre 1968 e 1981, tempo que esteve a frente da Diretoria de Parques Nacionais do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), órgão que precedeu o Ibama.
Até então, o Brasil tinha apenas 16 Unidades de Conservação. Nenhuma na Amazônia. Em 1968 foram criadas mais 10. Quando Maria Tereza entregou o cargo, em 1982, o país já possuía 63 UCs.
“Esse trabalho que realizamos a frente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) eu não fiz sozinha. Tínhamos uma equipe maravilhosa e conseguimos fazer algo realmente importante para a Amazônia. [Nessa época] não havia nenhuma unidade de conservação, nenhum parque nacional, nenhuma reserva biológica, nada, nada na Amazônia. e nós propusemos 13 parques e reservas na Amazônia e num único dia foram criadas 11”, relembra Maria Tereza.
Trajetória de sucesso
Após 14 anos no IBDF, Maria Tereza pediu demissão, em 1982, após o presidente Figueiredo autorizar a construção de uma estrada dentro do Parque Nacional do Araguaia. A demissão não foi em vão: o movimento contra a destruição do Araguaia foi tão forte que o governo engavetou a proposta.
Em 1985, ela voltou para o IBDF, onde exerceu o cargo de secretária-geral por 9 meses.
No ano seguinte, Maria criou, junto com outros conservacionistas, a Fundação Pró-Natureza (Funatura), que presidiu por 9 anos. Nesse tempo, a Fundação ajudou na criação do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, criado em 1989.
Em 1992, Maria Tereza foi convidada a presidir o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que nasceu em 1989 após a extinção do IBDF. Lá ficou por apenas 4 meses, sendo exonerada por motivos políticos.
A trajetória da agrônoma e mestre em Ecologia e Manejo de Vida Silvestre não parou por ai. Ajudou na idealização de projetos conservacionistas importantes como o Projeto Tamar (para a proteção das tartarugas marinhas), o Projeto Peixe-Boi e o Centro de Pesquisa para a Conservação de Aves Silvestres (Cemave).
Maria Tereza é colunista do site ((o))eco desde a sua criação e conselheira da Associação O Eco, a ONG que produz o site. Entre 2011 a 2014, foi presidente da Associação ((o))eco, sucedendo o jornalista Marcos Sá Corrêa.
Por telefone, ao ser perguntada sobre o sentimento de ser agraciada com mais esse prêmio, respondeu que sim, está muito feliz: “O sentimento, depois de tantos anos, é de surpresa e felicidade”.
Abaixo a íntegra do discurso que Maria Tereza Jorge Pádua fez ao receber a medalha John C. Phillips
Espanhol
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Saiba Mais
Ouça a entrevista concedida por Maria Tereza Pádua à Rádio EBC
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Minha eterna Presidente Maria Tereza , ninguém mais que você merece esse prêmio ! Meus parabéns do amigo e companheiro da FUNATURA !
João Carlos
Parabéns, Tereza! Imensamente feliz por você! Grande abraço!
Obrigada a todos. Estou muito feliz pelas suas palavras. Fui privilegiada sempre com amigos leais
Isso mesmo, era um time, eram as instituições! Não tem essa de "Ciclano criou ou fez tal coisa"…serviço público é impessoal
Faz parte de um time de craques que foi responsável por uma geração de ambientalistas que atuou entre 80 e 90.De lá para cá…..é .decepcionante a falta de comprometimento com as unidades de conservação. Saudades de João Bigalera, Vasconcelos Sobrinho,Wanderbilt Duarte, Aldemar Coimbra, José Lutzenberger….
Quem planta e cuida, colhe bons frutos. Aplausos para Maria Tereza.
Reconhecimento merecido! Parabéns Maria Tereza, parabéns Brasil pelos trabalhos da conservacionista.
Parabéns a Maria Tereza. Como ela há quem deixa legados materiais que reverberam pelo futuro. E há os que ganham discípulos com conversinhas que se revelam modas passageiras. Maria Tereza é gente que faz
Parabéns. Merecido
Acho que a admiração por sua luta conservacionista não é somente minha. Todos nós que valorizamos a natureza temos um pouco da Maria Tereza dentro de nós.Merecido. Aplausos!
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Parabéns não só pelo prêmio, mas, sobretudo pela trajetória profissional
Parabéns!!!! Sucesso merecido!!
Parabéns a Maria Tereza Jorge Padua pelo merecido prêmio é para Oeco por contar com a presença desta grande ambientalista brasileira no seu quadro de colunistas.