Análises

Dia mundial dos oceanos: Nos vemos em 2015

Triste passar por uma data comemorativa sem nada a festejar. Desde a Rio+20, o Brasil não criou nenhuma Unidade de Conservação de proteção integral marítima

Leandra Gonçalves ·
7 de junho de 2013 · 11 anos atrás

É triste passar por uma data comemorativa sem as devidas lembranças e comemorações. Mais triste ainda é não conseguir se lembrar do que comemorar.

No ano passado, nessa mesma data, organizações da sociedade civil, academia e governos, se reuniam no Rio de Janeiro, nas prévias da Conferencia Mundial do Desenvolvimento Sustentável, mais conhecida por Rio+20.

Via-se ali milhares de pessoas discutindo a importância da preservação dos mares e dos oceanos no mundo todo. Via-se ali, ativistas, militantes e pessoas comprometidas com um grande volume de água salgada que cobre simplesmente 70% do planeta Terra.

Os oceanos são fonte de vida e exercem um papel fundamental na vida de 7 bilhões de seres humanos. Muitas pessoas dependem diretamente dos oceanos para alimentação, lazer, deslocamento e também para sua sobrevivência. Nas palavras de Irina Bokova, diretora-geral da Unesco: “Os oceanos são um recurso incomparável, pois eles tornam todo o resto possível. Sua imensa diversidade biológica contribui para a beleza do mundo, e nós devemos aliar nossas forças para protegê-los”.

Era esse o objetivo de todas aquelas pessoas, comprometidas, reunidas no Dia dos Oceanos, um ano atrás, na cidade maravilhosa – exigir ações efetivas para proteção. O texto final, acordado por consenso pelos representantes governamentais presentes, ficou vago. Trouxe uma série de considerações e reafirmações, mas pecou pela generalidade e falta de compromisso dos governos. Decepcionou e adiou as ações efetivas para 2015.

Vazio depois da Rio+20

“De lá para cá, nada mudou. Nenhuma Unidade de Conservação de proteção integral marinha foi criada”.

O Brasil assinou o documento final da Rio+20, “O futuro que queremos”, em que se comprometia, junto com os demais países, a se preparar para adotar ações que visassem a recuperação dos estoques pesqueiros, a proteção dos ecossistemas mais vulneráveis, a criação de áreas marinhas protegidas e a restauração da saúde dos oceanos, entre outras ações.

Mas, de lá para cá, nada mudou. Nenhuma Unidade de Conservação de proteção integral marinha foi criada, a desgovernança pesqueira continua levando estoques de peixes a níveis de sobre exploração, o saneamento básico das cidades costeiras estagnou e a poluição dos mares aumentou. E, o pior de tudo isso, a sociedade civil não está integrada e engajada o suficiente para mostrar o senso de emergência aos tomadores de decisão fora dos grandes eventos e datas comemorativas.

Faz-se necessário a construção de uma agenda, positiva e propositiva, a fim de complementar o arcabouço existente e que venha a contemplar não apenas a zona costeira e suas 12 milhas náuticas, mas sim, que englobe a área marinha em toda a sua extensão de 200 milhas náuticas. Esse instrumento é necessário para que em 2015 o Brasil esteja preparado para mostrar liderança nos compromissos com a conservação marinha. É necessário um aprimoramento da Lei, é fundamental uma Lei do Mar.

Datas comemorativas não servem para que somente naquele dia sejam anunciadas boas práticas, mas para lembrar que algo importante não pode ser esquecido. Espera-se que no dia 8 de junho de 2015 a gente tenha muito a comemorar.

Espera-se que até lá o Brasil seja capaz de assinar uma Lei do Mar, construída de forma participativa, transparente e que possa compatibilizar os interesses de uma potência emergente com a preservação da biodiversidade marinha – tão importante para a nossa sobrevivência.

 

Leia Também
Plenária da Rio+20 aprova texto sem ambição
Queimada Grande: a Ilha das Loiras Misteriosas
CBUC 2012 aprova moção pedindo mais UCs Marinhas
O Homem e o Mar: desafios da conservação dos oceanos

Leia também

Notícias
14 de novembro de 2024

Sombra de conflitos armados se avizinha da COP29 e ameaça negociações

Manifestantes ucranianos são impedidos de usar bandeira de organização ambientalista por não estar em inglês

Podcast
14 de novembro de 2024

Entrando no Clima#34 – Conflitos dentro e fora das salas de negociações comprometem COP29

Podcast de ((o))eco fala da manifestação silenciosa da Ucrânia e tensões diplomáticas que marcaram o quarto dia da 29ª Conferência do Clima da ONU

Salada Verde
14 de novembro de 2024

Parlamento europeu adia por um ano acordo para livrar importações de desflorestamento

Decisão mantém desprotegidas florestas no mundo todo, como a quase totalidade da Amazônia sul-americana e outros biomas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Comentários 1

  1. Daniel diz: