O Brasil tomou conhecimento das aventuras do piloto Gérard Moss pela televisão, quando o Fantástico acompanhou sua volta ao mundo em um motoplanador. A notoriedade trazida pelo projeto “Asas do Vento”, em 2001, ajudou Moss a conceber e viabilizar uma nova expedição inédita, desta vez pelo Brasil e em companhia de sua mulher, Margi.
O que o “Brasil das Águas” tem de diferente das tantas outras aventuras patrocinadas a lugares longínquos pelos meios mais diversos, é o que oferece como contribuição científica e ambiental ao país. No território que concentra a maior riqueza hídrica do planeta, a ousada proposta do projeto era conhecer todos os caminhos da água doce no Brasil, coletando amostras. E este detalhe assegura a importância da viagem: mais do que os relatos e registros da diversidade de nossos rios e lagos, a coleta das águas em mais de mil pontos durante 14 meses permitirá uma análise inédita de como estamos tratando os recursos hídricos. E quem sabe inspirará ações para garantir sua abundância e qualidade no futuro.
A viagem foi encerrada em dezembro de 2004. Enquanto laboratórios no Rio, São e Minas dedicam-se a revelar a identidade de cada água, O Eco traz um aperitivo visual do que está por vir. Margi Moss é a responsável pelos registros em texto e imagem da viagem de 120 mil quilômetros pelas águas do Brasil. Alguns estão presentes no site do projeto, e em breve uma seleção estará organizada em livro financiado pela Petrobras.
Margi nasceu no Quênia, cresceu na Escócia e chegou ao Brasil em 1979. Suas fotos foram tiradas em uma Fuji PIX F2 e em uma Nikon D70. Do alto, mas não da estratosfera, têm como protagonista, é claro, as águas. Em cores, brilhos, formatos, movimentos, profundidade. Solitárias ou navegadas. Isoladas ou cercadas de mato, areia, pasto, plantações, barragens, garimpo, lixo e outras máculas de gente. Impetuosas ou enfraquecidas. Vivas ou semi-mortas. O conjunto da obra aérea de Margi Moss, nos sobrevôos e rasantes do hidroavião Talha Mar, é o retrato de um país no espelho d’água: contra uma impressionante pujança hídrica, a desenfreada ocupação humana.
O saldo científico desse embate deve sair entre julho e agosto. Enquanto isso, o casal Moss continua na estrada, agora divulgando os feitos do projeto. Dia 23 de maio, o Brasil das Águas será tema de palestra na Royal Geographical Society, em Londres, o palco onde Charles Darwin expôs, no século XIX, sua revolucionária teoria da origem das espécies. Também ela resultado de uma longa e aventureira viagem.
Leia também
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/Esther.jpg?resize=600%2C400&ssl=1)
Com servidores ambientais em greve, ministra da Gestão se compromete a reabrir negociações
Categoria entrou em greve em 24 estados após fim das negociações pela reestruturação da carreira; promessa foi feita a servidores da Paraíba, durante evento em João Pessoa →
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/Johann_Chui-ao-Oiapoque_1_corte3-2.jpeg?resize=600%2C400&ssl=1)
Do Chuí ao Oiapoque na maior trilha do Brasil
Com mais de 2.500 quilômetros já percorridos, o francês Johann Grondin realiza sua maior aventura, literalmente, ir a pé de um extremo ao outro do Brasil →
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/delivery-worker_Asuncion_Paraguay-24-2048x1365-1.jpeg?resize=600%2C400&ssl=1)
Calor extremo: como a crise climática impacta trabalhadores na América Latina
Eventos climáticos extremos e aumento das temperaturas colocam em risco saúde dos trabalhadores e demandam medidas de adaptação →