Sempre que pratico mergulho autônomo, me pergunto se Jacques Cousteau, ao inventar o Aqualung, (conjunto de aparelhos, mangueiras e cilindro que permite respirarmos embaixo d’água) sabia que estava apresentando à humanidade um dos mais fantásticos e coloridos ambientes naturais – o universo submarino. Certamente que sim, afinal Cousteau era um homem visionário, e são eles que dão alicerce à história. Mas e George Eastman, o “homem Kodak” que popularizou a fotografia criando a pequena bobina de filme em 1892, será que ele imaginava quantas cores de peixes, algas, corais e crustáceos seriam impressos na emulsão de prata dos filmes?
O fato é que a fotografia subaquática sempre me fascinou, apesar de até hoje eu ter ousado fotografar apenas cavernas submersas. Respeito e dou muito valor a alguns fotógrafos que dedicam suas vidas a documentar as maravilhas do mar, enfrentando todas as dificuldades inerentes neste tipo de fotografia. Afinal, o mergulho é definitivamente estar em outro mundo; respira-se através de aparelhos e com tempo contado, submete-se à pressão atmosférica e outras adversidades físicas. Como se não bastasse, alguns querem fotografar e se preocupar com fotometria, enquadramento, iluminação e o presente risco da câmera sofrer alagamento. Realmente um tipo de fotografia que, apesar de muitas pessoas fazerem, poucas trazem imagens emocionantes. Maristela Colucci é uma delas, é mulher, e segue-se assim a homenagem iniciada no ensaio anterior.
Aqui em O Eco já foram apresentados trabalhos de ícones da fotografia submarina, como Carlos Secchin, ou então de expoentes profissionais como Eliana Fernandes, Laércio Horta e Mauricio Andrade. Faltava Maristela para completar este time. Com 20 anos de carreira, começou a fotografar ainda menina e teve sua primeira matéria publicada aos 17 anos. No início da carreira teve boa recepção nas revistas, já que na época a fotografia submarina não era muito difundida, assim como eram poucas as mulheres que mergulhavam. Realizou várias exposições individuais, além de coletivas em museus conceituados da capital paulista. Atua também como designer, tem imagens ilustrando selos e cartões telefônicos, e recentemente lançou seu terceiro livro: Brasil Submarino, considerada a mais completa e inédita reunião de imagens sub da costa brasileira já publicada em livro.
Algumas de suas fotos primam por um enquadramento ousado, imagens preto e brancas quebrando o subconsciente das cores intensas que esperamos ver neste tipo de imagem e o melhor, trazem ao leitor a sensação exata do que é um mergulho: a entrada a um mundo silencioso, cercado de mistérios, paradoxalmente repleto de vida e de um vazio desconcertante e absoluto.
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