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Discussão que tende a briga
A oportunidade de ter, numa mesma mesa, o Ibama e os Ministérios do Meio Ambiente e das Minas e Energia discutindo o impacto ambiental da construção de hidrelétricas já seria algo raro e a se acompanhar com atenção. Quando a eles se junta o Ministério Público Federal e o tema em pauta é a situação na região Sul, o encontro torna-se potencialmente explosivo. É que lá está acontecendo o mais grave conflito do país em torno da operação de uma hidrelétrica: a de Barra Grande, no rio Pelotas. Talvez por isso, o “Seminário Inicial de Estudo de Avaliação Ambiental Integrada da Bacia Hidrográfica Rio Uruguai” esteja sendo divulgado às pressas e sem abrir espaço à fala de nenhuma ONG. Convites começaram a chegar aos interessados apenas hoje, dia 16. O encontro está marcado para quinta-feira, 18, em Lages (SC). A realização do seminário é uma exigência do Termo de Compromisso assinado entre o consórcio de empreiteiras BAESA e o Ibama, para compensar o processo fraudulento de obtenção da licença ambiental de Barra Grande e a conseqüente derrubada de 4 mil hectares de Mata Atlântica preservada, cuja decisão está na Justiça. Como nessas horas nada é por acaso, pode-se ler a decisão de promover o evento como um sinal de que o Termo de Compromisso está sendo cumprindo. Como também pode-se ler o atropelo e a pouca transparência com que ele foi planejado como um sinal de que não se pretende lá discutir muita coisa. Até porque a chapa já está fervendo.