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Fazendeira multada em R$ 105 mil por caça de onças

Ibama estipula multa à proprietária de Santa Sophia, onde pacotes turísticos para caçadas no Pantanal eram vendidos a US$ 40 mil dólares.

Fábio Pellegrini ·
10 de maio de 2011 · 14 anos atrás

Campo Grande (MS) – O escritório regional do Ibama de Corumbá definiu nesta segunda-feira (9) um valor de R$ 105 mil de multa à Beatriz Rondon, proprietária da fazenda Santa Sophia, localizada no município de Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, pelo crime ambiental de caça ilegal de animais silvestres com fins turísticos.

O valor foi estipulado com base no laudo pericial realizado pela Embrapa Pantanal nos dois crânios de onças apreendidos na Operação Jaguar II. Foi constatado que os animais foram abatidos recentemente, dada à presença de vestígios de material orgânico nos crânios.

As 16 galhadas de cervos-do-pantanal e a pele de uma sucuri encontrados na fazenda também foram objetos da multa por parte do Ibama. Nesse caso as multas foram em dobro por se tratar de abate de animais silvestres para fins turísticos.

Outro agravante que elevou o valor da multas é o fato de na fazenda Santa Sophia haver a RPPN Pata da Onça. Segundo a Superintendência do Ibama em Mato Grosso do Sul, a proprietária da fazenda vai responder a três processos: administrativo, criminal e civil por danos ambientais.

As nove armas encontradas na fazenda pela operação conjunta do Ibama e da Polícia Federal realizada na fazenda na tarde do dia 5 fazem parte do inquérito da Polícia Federal.

O superintendente do Ibama em Mato Grosso do Sul, David Lourenço diz que esse tipo de crime ambiental não é a única agressão ao Pantanal que está em curso. “Vamos continuar as investigações em todas as fazendas que tenham envolvimento direto ou indireto com esse crime”.

Repúdio

Organizações ambientais que trabalhavam em parceria com Beatriz Rondon divulgaram nota de repúdio aos crimes investigados pelo Ibama e Polícia Federal.

O WWF-Brasil, que nos últimos anos, é um dos principais apoiadores de RPPNs no Pantanal e de programas de conservação de onças no bioma, afirma, em nota aberta, acreditar que a caça ilegal seja um problema isolado entre as propriedades. “O WWF-Brasil espera que o ato voluntário de tantos outros proprietários que estão realmente comprometidos com a conservação da natureza não seja prejudicado por uma atitude individual, ilegal e condenável como esta de promover a matança de animais.”

Outra organização não-governamental a se manifestar foi a SOS Pantanal, que possui Beatriz Rondon no seu quadro de conselheiros. O diretor-executivo Alessandro Menezes disse, em nota, que sua organização não apoia qualquer um dos atos mostrados no vídeo que mostra Beatriz Rondon. “É fundamental aguardar a apuração dos fatos e as investigações necessárias para pautar qualquer medida que mereça ser tomada em relação às pessoas citadas. De qualquer forma, fica registrada nossa oposição a ações dessa natureza.”

Também publicou nota de repúdio a Associação das RPPNs do Mato Grosso do Sul (Repams). Segundo o comunicado, a fazenda Santa Sophia faz parte da associação, que espera que os crimes denunciados não prejudiquem seus outros membros. “Tal ação praticada, segundo reportagens expostas, não condiz com a atitude e atuação dos associados proprietários de RPPN do MS e do Brasil. Sem dúvida, trata-se de um fato isolado que causou surpresa a todos.”

*com Gustavo Faleiros

 
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