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Mapa do tesouro

Sebrae divulga um panorama da reciclagem no país. Os dados mostram que este é um mercado em expansão, que gera milhares de empregos e bilhões de reais por ano.

Ana Antunes ·
30 de setembro de 2005 · 19 anos atrás

O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) do Rio de Janeiro e a ong Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre) divulgaram, no dia 29 de setembro, o “Mapa da Reciclagem do Brasil”. O estudo traça um panorama das empresas que atuam em todos os setores da reciclagem no país. Também foi lançado um software com o mesmo nome, que possibilita encontrar os prestadores de serviços do gênero, de acordo com a localidade, material e tipo de atividade.

O Cempre e o Sebrae prometem atualizar permanentemente o cadastro, para aproximar as grandes empresas de reciclagem e triagem dos pequenos sucateiros e cooperativas.

O estudo divide 2.361 empresas em recicladores (54,1%), sucateiros (32,9%), cooperativas (11,3%) e sucateiros-recicladores (1,7%). Ao todo são mais de 500 mil pessoas trabalhando em todo o processo. A região do Brasil que mais recicla é o Sudeste, com 48% das empresas que atuam no setor, seguido pela região Sul (30,6%) e, bem atrás, por Nordeste (12,7%), Centro-Oeste (6,3%) e Norte (1,9%).

Segundo o Cempre, o mercado de reciclagem de materiais no Brasil movimentou 6,5 bilhões de reais em 2004. A mesma pesquisa mostrou que 10% do lixo produzido no país é reciclado. O material mais aproveitado é o plástico, reciclado por 537 empresas, sendo 80% da região Sudeste, com lucro estimado em 1,22 bilhão de reais.

No restante do país, o plástico jogado fora não costuma virar matéria-prima para a indústria. A média nacional de reciclagem desse material é de 16,5%. Ainda assim, o Brasil ocupa a terceira posição no ranking mundial, perdendo apenas para a Alemanha e a Áustria. A reciclagem de garrafas PET, em especial, não pára de crescer. De 2003 para 2004, o aumento foi de 22%. Os números são ainda mais impressionantes se olharmos para uma década atrás: de 1994 a 2004, o plástico reciclado cresceu 1.200%.

Quanto maior o valor do produto, mais promissora é sua reciclagem. As latinhas de alumínio já quase não viram lixo: 95,7% voltam para o mercado em até 30 dias. Trata-se de um recorde mundial. Também estamos melhorando na reciclagem de embalagens longa-vida. Somos o país que mais recicla esse material nas Américas (22,1%), mas ainda estamos longe da Alemanha (65%), que, aliás, é líder em tudo o que envolva reciclagem.

Pelos mesmos princípios econômicos, o lixo orgânico é desprezado pela indústria. Apesar de representar 60% dos descartes produzidos no país, apenas 1,5% é compostado.

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