O boi na pecuária orgânica é 100% vegetariano e nove entre dez ingredientes incluídos na sua alimentação diária são orgânicos. Ao contrário da pecuária tradicional, é proibido o uso de hormônios e promotores de crescimento. Há apenas uma exceção: o uso de medicamentos. “Se o animal tiver algum problema, alguns insumos podem ser usados caso haja um atestado de necessidade clínica de uso. Mas ele só pode ter três aplicações (se passar perde a classificação orgânica)”, afirma Graziella Vasconcelos, gerente de certificação do IBD. Ela lembra, ainda, que geralmente são os bezerros quem têm pequenos problemas, o que significa que os bois vão para o abate por volta de 20 semanas depois da última aplicação, caso ela seja necessária.
A certificação verifica se todo esse processo foi cumprido à risca. Existem algumas empresas com essa incumbência, mas o IBD é quem faz a fiscalização de todas as fazendas filiadas à ASPRANOR. De acordo com Vasconcelos, a fazenda deve seguir algumas diretrizes. Todos os bois, desde que nascem, recebem um brinco com uma numeração que o acompanhará até depois de ser abatido. Isso permite que seja feita uma rastreabilidade de toda a sua vida, já que existem técnicos capacitados para perceber a eficiência dos manejos alimentar e sanitário dos animais em auditorias anuais e surpresas – que ocorrem a partir de denúncias ou de sorteios.
Segundo a gerente de certificação da empresa, existe o controle inclusive no momento do abatimento no frigorífico. Uma vez que a peça de carne ainda com a numeração é retirada após o abatimento, o IBD certifica se aquela quantidade é equivalente ao peso e medida do boi que a gerou. Para isso, eles têm conhecimento de todos os abates que acontecem regularmente, além de liberar apenas os animais com idade e saúde suficiente para a prática. “Um animal orgânico não pode passar por sofrimento nunca. Para o frigorífico, que também é certificado, são exigidas práticas do abate humanitário. Por isso existe a insensibilização, que torna o animal insensível antes da morte”, ressalta Vasconcelos.
Auxilio ao Pantanal
A distrubuição da carne orgânica no país ainda não é as mil maravilhas. O frigorífico Friboi vende o produto para as maiores redes de supermercado brasileiras, mas não há regularidade na compra. Ou seja, o leitor pode dar sorte de achá-la – exija sempre o selo de certificação -, mas não é garantido. A carne é mais cara do que a tradicional porque exige maior tempo de manejo e por ter melhor qualidade. Mas vale a pena. Além de consumir um produto bastante limpo, livre de suplementos sintéticos, existirá também o apoio à natureza. As fazendas de pecuária orgânica devem seguir à risca os mandamentos da legislação ambiental, como a manutenção de uma Reserva Legal, por exemplo. Dessa forma, o técnico que as inspeciona anualmente poderá e deverá ver pássaros voando, ninhos em árvores e outra série de animais nativos entre as pastagens.
Leia também
Número de portos no Tapajós dobrou em 10 anos sob suspeitas de irregularidades no licenciamento
Estudo realizado pela organização Terra de Direitos revela que, dos 27 portos em operação no Tapajós, apenas cinco possuem a documentação completa do processo de licenciamento ambiental. →
Protocolo estabelece compromissos para criação de gado no Cerrado
Iniciativa já conta com adesão dos três maiores frigoríficos no Brasil, além de gigantes do varejo como Grupo Pão de Açúcar, Carrefour Brasil e McDonalds →
Com quase 50 dias de atraso, Comissão de Meio Ambiente da Câmara volta a funcionar
Colegiado será presidido pelo deputado Rafael Prudente (MDB-DF), escolhido após longa indefinição do MDB; Comissão de Desenvolvimento Urbano também elege presidente →