Ao menos por enquanto, a empresa de terras do Distrito Federal (Terracap) está proibida de seguir com as obras em parte do bairro Noroeste, em Brasília. A decisão da Justiça foi baseada em uma ação civil ajuizada pelo Ministério Público Federal e protege basicamente 12 hectares reinvindicados por onze famílias na Comunidade Indígena Bananal/Santuário dos Pajés. Na decisão, também é ressaltado que o órgão não poderá “promover qualquer ato que possa intimidar ou ameaçar os membros da comunidade”.
Em nota no jornal Correio Braziliense, a Terracap diz que recorrerá da decisão e garantiu que o espaço onde estão os indígenas não foi licitado, nem será alvo de obras de infraestrutura. Em visita ao local, a reportagem de O Eco flagrou avenidas abertas a poucos metros da área onde vivem aquelas famílias. A empresa pública tenta transferir os indígenas para uma área ao lado do projetado bairro.
Os planos para a construção do Noroeste são cercados de polêmica. Vendido como “primeiro bairro ecológico do país”, vai pôr abaixo 800 hectares de Cerrado para plantar prédios e o parque Burle Marx, expulsar famílias tradicionais, afetar nascentes e prejudicar o entorno do Parque Nacional de Brasília. Também irá complicar o já saturado trânsito de Brasília e está alimentando a insaciável especulação imobiliária da capital federal.
Uma nova manifestação contrária ao projeto acontece amanhã (26), às 9h30min, na Praça Galdino (Quadra 704 Sul).
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Ecologia de fachada
Reflexo mortal é ignorado
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