Salada Verde

“É uma decisão econômica ruim”, opina ganhador do Nobel sobre a exploração da Foz do Amazonas

O economista Joseph Stiglitz participou do programa Roda Viva, da TV Cultura, e afirmou que a proposta é prejudicial, tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista ambiental

Júlia Mendes ·
17 de outubro de 2023
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Com o mundo caminhando para abandonar a exploração de petróleo em médio prazo, a exploração que o Brasil pretende iniciar na Foz do Amazonas, na costa do Amapá, é uma decisão econômica ruim, opina o economista Joseph Stiglitz, ganhador do Nobel de Economia em 2001 e entrevistado desta segunda-feira (16) no programa Roda Vida, da TV Cultura. 

Segundo o economista, a decisão econômica vai no sentido contrário às trajetórias de outras nações que já tem como meta a emissão zero de carbono já em 2050, bem como o avanço das mudanças climáticas. “Vocês não terão a capacidade de colher totalmente os frutos disso”, diz. 

“Primeiro, tenho quase certeza que essa é uma decisão econômica ruim. Digo isso por um motivo simples: desenvolver um polo petrolífero leva muito tempo, e aí, em geral, até ele se pagar, demora 20, 30, 40 anos. Agora, lembrem-se, estamos em 2023, e a Europa e os EUA dizem que serão carbono zero até 2030, aliás, até 2050, e o resto do mundo até 2060. Eu acho que será antes disso, porque as mudanças climáticas que estamos vendo são tão devastadoras que haverá um forte movimento político para que eles acelerem. Isso [2050] é daqui a 27 anos. Vocês não terão a capacidade de colher totalmente os frutos disso, ou podemos dizer que isso se tornará o que chamamos de ativos abandonados. Você faz um grande investimento, mas não poderá obter um retorno. Portanto, acho essa decisão econômica uma tolice. Quando a vejo pelo prisma da minha preocupação com o meio ambiente… Lembre-se, destruir a Amazônia faz mal não só ao mundo, mas faz mal ao Brasil porque afeta as precipitações em outras regiões. E danificar uma parte da Amazônia danifica outras partes da Amazônia. Sabemos disso. Conhecemos essas interações complexas. Fazer algo assim, ainda que só numa parte da Amazônia, é ruim para o Brasil”, disse. 

  • Júlia Mendes

    Estudante de jornalismo da UFRJ, apaixonada pela área ambiental e tudo o que a envolve

Leia também

Salada Verde
25 de agosto de 2023

Ibama: Associações de servidores repudiam parecer da AGU sobre licenciamento

Em nota de repúdio, Asibama e Ascema afirmam que interferência da Advocacia-Geral da União desvirtua o “ordenamento de licenciamento ambiental”

Salada Verde
23 de agosto de 2023

“Não existe conciliação para questão técnica”, diz Marina Silva

Ministra afirma que dúvidas serão sanadas durante o processo de licenciamento ambiental. "Não há controvérsia jurídica"

Salada Verde
22 de agosto de 2023

Foz do Amazonas: Parecer da AGU diz que Avaliação Ambiental de Área Sedimentar não é obrigatória

Propagada como a carta que faltava para a liberação da licença para explorar petróleo, parecer diz que avaliação não abarca áreas já outorgadas. Ibama ainda tem a última palavra

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.