Foi o ponto mais rápido de um longo discurso. Não durou três minutos. Ainda assim, chamou atenção. Afinal, foi a primeira vez em seis anos de governo que George Bush reconheceu que seu país terá que “confrontar o sério desafio da mudança climática global”. E numa situação que não podia ser mais oficial, o discurso do Estado da União, um ritual no qual todo mês de janeiro, o presidente da República presta contas de seu governo e expõe seus planos futuros para o Congresso e membros do Judiciário e do Corpo Diplomático.
A menção presidencial ao efeito estufa foi precedida por quatro parágrafos e meio que começaram com um chamado aos congressistas para, em conjunto com a Casa Branca, perseguirem o objetivo de reduzir o uso de derivados de petróleo nos Estados Unidos em 20% ao longo dos próximos 10 anos. “Desse modo, reduziremos em ¾ a quantidade de petróleo que importamos do Oriente Médio”, disse Bush. “Para chegar lá, precisaremos aumentar o suprimento de energias alternativas, definindo um padrão de consumo mínimo de 132 bilhões de litros de combustíveis renováveis”.
O presidente não disse muito como pretende chegar em 2017 economizando, segundo ele, 32 bilhões de litros de gasolina. Deu apenas uma idéia geral do que acredita ser o caminho. “Será através da tecnologia”, afirmou. “Precisamos investir em novos métodos de produção de etanol usando tudo, de lascas de madeira até grama, passando por rejeitos agrícolas”. Mencionou que o país precisa gerar eletricidade mais limpa empregando a “energia eólica e solar e energia nuclear limpa e segura”. Prometeu incentivar pesquisas para aperfeiçoar os veículos híbridos e a popularização do uso de biodiesel e diesel limpo.
De concreto mesmo, ofereceu apenas uma medida de curto prazo. Que aliás, não tinha nada a ver com o espírito dos três parágrafos e meio anteriores mas que, segundo ele, era condição fundamental para atingir os objetivos de produzir energias “sensíveis ao meio ambiente”. Bush disse que os Estados Unidos vão precisar aumentar imediatamente a sua produção doméstica de petróleo e pediu ao Congresso que determinasse já que o país dobrasse as reservas estratégicas federais do combustível. Em um parágrafo, o presidente americano aumentou o mercado para a fonte de energia que ele agora diz que o país precisa se livrar.
Leia também
Organização inicia debates sobre a emergência climática nas eleições municipais
“Seminários Bússola para a Construção de Cidades Resilientes”, transmitidos pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade, começaram nesta segunda e vão até sexta, das 18 às 20h →
Encurraladas por eucalipto, comunidades do Alto Jequitinhonha lutam para preservar modo de vida comunitário
Governo militar, nos anos 1970, fomentou a implantação de monocultivos de eucaliptos para fornecer matéria-prima ao complexo siderúrgico →
Da contaminação por pó de broca à luta ambiental: a história de um ambientalista da Baixada Fluminense
Em entrevista a ((o))eco, o ambientalista José Miguel da Silva fala sobre racismo ambiental, contaminação e como é militar pelo meio ambiente em um município da Baixada Fluminense →