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Brasil nega que Código Florestal afeta metas do clima

Principal negociador da delegação brasileira na COP 17 diz que Código Florestal tem discussão legítima e não afeta a imagem do país no exterior.

Flávia Moraes ·
29 de novembro de 2011 · 14 anos atrás
Embaixador André Corrêa do Lago, o negociador-chefe da  delegação brasileira na 17a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças  do Clima. Foto: Flavia Moraes
Embaixador André Corrêa do Lago, o negociador-chefe da delegação brasileira na 17a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima. Foto: Flavia Moraes
Durban – Em coletiva de imprensa, André Corrêa Lago, embaixador e principal negociador do Brasil na COP 17, afirma que o novo Código Florestal não deve afetar as metas de redução do desmatamento do pais.

 

Ouça entrevista de André Corrêa do Lago

Ele acrescenta que a votação do Código tem legitimidade e que, por isso, não está afetando a imagem do Brasil nas negociações em Durban.

“As informações sobre o debate do Código são muito incompletas, o que os outros países sabem. E por isso, a relação com eles é tranquila, e que isso está acontecendo dentro de um esforço de fortalecimento das instituições, de interesses divergentes dentro do governo, coisa que vemos em todos os outros países”, argumenta.

Compromisso para redução de emissões

O embaixador também reafirma a posição do Brasil com relação à necessidade de os paises desenvolvidos assumirem o compromisso de redução das emissões de gases de efeito estufa, com a esperança de que haja a segunda fase do Protocolo de Quioto.

“Nós somos muito diferentes. Alguns países têm capacidade de agir e elaborar projetos, outros não. Nas apresentações das metas de cada um aqui na COP17 foi possível ver a grande diferença entre os membros do G-77+ China, inclusive no enfoque e tipo de ação que cada um pretende seguir”, explica.

 

Coletiva da delegação japonesa teve a continuidade do Protocolo de Quioto como principal tema. Foto: Flavia Moraes
Coletiva da delegação japonesa teve a continuidade do Protocolo de Quioto como principal tema. Foto: Flavia Moraes
Ainda destaca que os países em desenvolvimento nunca estiveram tão divididos, com os representantes das pequenas ilhas querendo metas mais ambiciosas e uma segunda fase que dure de 2012 a 2017 e não até 2020 como está sendo defendido por economias emergentes como o Brasil e a China.

Sobre os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, Lago afirma que o país está cumprindo ainda mais do que foi previsto. Ele acrescenta a importância das negociações que ocorrem na COP 17 para incentivar um debate dentro do Brasil.

“Para combater as mudanças do clima é preciso um consenso de todos os setores. O resultado vai ser ideal quando o país assumir que esse deve ser um debate interno, com a consciência da realidade dos custos para implementar os projetos”, declara.

Japão

Após a coletiva de imprensa da delegação brasileira, os representantes do governo japônes concederam entrevista. O assunto da vez foi “por que o Japao não quer participar da segunda fase de Quioto?”. Os negociadores responderam que o país nao tem condições de assumir compromissos, mas que seguirão com projetos voluntários de reducao de emissões.

  • Flávia Moraes

    Jornalista, geógrafa e pesquisadora especializada em climatologia.

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