Foram necessários somente quarenta e quatro anos para que as populações de vertebrados — peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis– diminuíssem em 60% em todo o mundo. O Relatório Planeta Vivo 2018 (Living Planet Report 2018- LPR), lançado pelo WWF, nesta terça-feira (30), faz um raio-x da vida selvagem e da biodiversidade e informa ainda que 20% da Amazônia desapareceu e descreve o Cerrado como uma das regiões que mais sofrem com o desmatamento.
As principais ameaças às espécies identificadas no relatório estão diretamente ligadas às atividades humanas, incluindo perda e degradação de habitats e exploração excessiva da vida selvagem.
“A ciência está mostrando a dura realidade que nossas florestas, oceanos e rios estão sofrendo em nossas mãos. Centímetro por centímetro, espécie por espécie, a redução do número de animais e locais selvagens é um indicador do tremendo impacto e pressão que estamos exercendo sobre o planeta, esgarçando o tecido vivo que nos sustenta: natureza e biodiversidade “, disse Marco Lambertini, diretor-geral do WWF Internacional.
O relatório contou com a colaboração de 50 especialistas no acompanhamento de mais de 16.700 populações de 4 mil espécies. O LPR é publicado a cada dois anos e há vinte anos é referência global sobre o estado do nosso planeta.
O Brasil no cenário global de degradação ambiental
O Brasil se encontra na região que mais sofre com a perda da biodiversidade. A estimativa é que desde a década de 1970, o tamanho das populações das espécies que habitam as Américas do Sul e Central tenham sido reduzidas em 89%. A maior causa desta perda de espécies é o desmatamento.
Nos últimos 50 anos, 20% da Amazônia já desapareceu. O Cerrado já perdeu 50% da sua cobertura original. Com o desmatamento nessa região, a nossa capacidade hídrica é comprometida, uma vez que as águas que nascem neste bioma alimentam alguns dos maiores reservatórios de água subterrânea do mundo, além de seis das oito grandes bacias hidrográficas brasileiras.
Algumas espécies presentes em biomas brasileiros já sofrem ameaças como Jandaia-amarela (Aratinga solstitialis), o Tatu-bola (Tolipeutes tricinctus), o Muriqui-do-sul (Brachyteles aracnoides) e o Uacari (Cacajao hosomi) espécies em perigo de extinção em função da perda de seu ambiente natural. O Boto (Inia geoffrensis) é uma espécie em perigo de extinção devido à tendência de redução populacional no futuro, em função da degradação de seu ambiente.
O levantamento afirma que o Brasil pode atender às expectativas futuras de produção de alimentos sem a derrubada de árvores. O importante é que se evite mais desmatamento e a consequente perda de biodiversidade e emissões de gases do efeito estufa.
Como proteger e restaurar a natureza
O Planeta Vivo 2018 aponta os problemas e ameaças, mas também sugere metas, acordos para que não entremos em colapso. Os estudiosos consideram que já está na hora de se estabelecer um acordo global urgente, ambicioso e eficaz para a natureza, como fez pelo clima em Paris em 2015. A esperança é que isso aconteça na 14ª Conferência da Partes da Convenção sobre Diversidade biológica (CDB), que acontecerá no Egito, em novembro deste ano.
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