Notícias

Campeãs no salto com mandíbulas

Formigas do gênero Odontomachus dobram chances de sobreviver a ataques de predador graças a uma inusitada forma de escapar.

Vandré Fonseca ·
17 de maio de 2015 · 9 anos atrás

A formiga-leão faz um poço cônico na areia, onde se enterra para espreitar as presas, como a formiga Odontomachus. Foto: Divulgação.
A formiga-leão faz um poço cônico na areia, onde se enterra para espreitar as presas, como a formiga Odontomachus. Foto: Divulgação.
 

Manaus, AM — Elas não estão preocupadas com medalhas, e obviamente ninguém espera encontrar tal modalidade nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, mas para as formigas do gênero Odontomachus o salto com mandíbulas é uma questão de vida ou morte. A capacidade destes insetos carnívoros usarem suas potentes mandíbulas para saltar já havia sido registrada, mas não se sabia para quê tal habilidade servia.

Agora cientistas conseguiram mostrar que elas usam a técnica para fugir de predadores e verificaram que pode funcionar. Os resultados do estudo foram publicados esta semana jornal de acesso livre PLOS-One, pelos pesquisadores Frederick Larabee e Andrew Suarez, da Universidade de Illinois (EUA).

No estudo, os pesquisadores fizeram como os romanos antigos e colocaram predador e presa no mesmo ambiente. Os resultados, que aparecem em vídeos, mostram que saltar com as mandíbulas dobra as chances da Odontomachus sobreviver a um ataque de formiga-leão, um inseto cuja larva captura suas presas cavando um poço cônico e se enterrando no fundo. Além de também contar com fortes mandíbulas, as formigas-leão (que na verdade não são formigas), provocam avalanches para desestabilizar as presas.

“As formigas (Odontomachus) foram capazes de saltar para fora dos poços em cerca de 15% dos encontros que tiveram com as formigas-leão”, conta Larabee. “Mas quando colocamos suas mandíbulas fechadas antes de deixá-las nas caixas, elas não podiam dar o salto completo. A taxa de sobrevivência era cortada pela metade”, complementa.

A Odontomachus brunneus, espécie observada na pesquisa, é capaz de fechar a mandíbula a uma velocidade superior a 40 metros por segundo. São armas importantes para atacar presas, mas também servem para tarefas rotineiras, como cavar ninhos ou tecer as larvas.

Os pesquisadores consideram que o estudo pode demonstrar como uma característica ou capacidade que evoluiu para determinado propósito pode se adaptar para diferentes usos. “Neste caso, uma ferramenta muito boa para capturar presas rápidas ou perigosas é também boa para outra função, escapar”, diz Larabee.

 

 

Saiba Mais
Artigo: Mandible-Powered Escape Jumps in Trap-Jaw Ants Increase Survival Rates during Predator-Prey Encounters.

Leia Também
O caso das moscas decaptadoras de formigas
Tudo azul: Borboleta Morfo
Uma raridade descoberta na Mata Atlântica

 

 

 

Leia também

Notícias
24 de abril de 2024

Na abertura do Acampamento Terra Livre, indígenas divulgam carta de reivindicações

Endereçado aos Três Poderes, documento assinado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e organizações regionais cita 25 “exigências e urgências” do movimento

Reportagens
24 de abril de 2024

Gilmar suspende processos e propõe ‘mediação’ sobre ‘marco temporal’

Ministro do STF desagrada movimento indígena durante sua maior mobilização, em Brasília. Temor é que se abram mais brechas para novas restrições aos direitos dos povos originários

Notícias
24 de abril de 2024

Cientistas descobrem nova espécie de jiboia na Mata Atlântica

A partir de análises moleculares e anatômicas, pesquisadores reconhecem que jiboia da Mata Atlântica é diferente das outras, e animal ganha status de espécie própria: a jiboia-atlântica

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.