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Reunião presencial da COP da Biodiversidade é adiada para abril de 2022

Por conta da crise de saúde que assola o mundo, a Conferência será realizada em duas fases, deixando a biodiversidade do planeta mais um ano sem acordo global

Bruna Martins ·
26 de agosto de 2021 · 3 anos atrás

O secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) anunciou formalmente que a 15ª Conferência das Partes (COP-15), anteriormente prevista para outubro de 2021, na China, agora será realizada em duas fases. A primeira será de caráter online para os representantes fora da nação chinesa e continuará no período de outubro deste ano, nos dias 11 a 15; a segunda fase será presencial, contendo as principais negociações, e ficará para o primeiro semestre de 2022, nos dias 25 de abril a 8 de maio.

Já adiada duas vezes desde sua data original, prevista para ocorrer em outubro de 2020, o novo adiamento ocorreu devido à Covid-19. A reunião deve estabelecer novas metas para a biodiversidade do planeta para o período pós-2020.

Importância da conferência

O doutor Bráulio Ferreira de Souza Dias, ex-secretário executivo da CDB e professor do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), explica que a Conferência da CDB é de grande importância pois deverá, entre outras coisas, aprovar a nova Estratégia Global de Biodiversidade Pós-2020, incluindo objetos de longo prazo (para 2050) e de meio prazo (para 2030), bem como metas operacionais para 2030, indicadores para monitorar a implementação dos objetivos, além de meios e mecanismos para a devida implementação. “Desde janeiro de 2021 o mundo está sem uma estratégia global para coordenar e mobilizar ações em prol da biodiversidade nos 194 países membros (partes) da CDB e mais a União Europeia”, explica.

“Enquanto isso, seguimos perdendo biodiversidade em todo o mundo, inclusive no Brasil”, diz o ex-secretário-executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica.

Esta nova estratégia global deve suceder a que foi aprovada em 2010, na COP-10, que estabeleceu as 20 Metas de Aichi, que vigoraram entre janeiro de 2011 e dezembro de 2020 e não tiveram êxito. “O fracasso com a implementação das Metas de Aichi foi apenas parcial – em média cada país implementou um terço das metas, e alguns, como o Brasil, conseguiu implementar metade das metas”, explica Dias. Para o ex-secretário-executivo, há uma grande oportunidade de aproveitar com os erros e acertos das Metas de Aichi e adotar estratégias mais eficientes para o período após-2020, “desde que tenhamos meios de apoio à implementação mais robustos”, conclui.

  • Bruna Martins

    Jornalista em formação pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

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