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Sinal verde para um cálculo

Fundo Amazonas Sustentável recebe certificado de créditos de carbono por desmatamento evitado. Diretor diz que atestado dá credibilidade ao método de contabilizar o estoque de emissões.

Dominique Lima ·
16 de outubro de 2008 · 16 anos atrás

O Fundo Amazonas Sustentável (FAS), uma parceria do Bradesco com o governo do Amazonas que investe em iniciativas para evitar desmatamentos e pretende ganhar dinheiro vendendo créditos no mercado de carbono, conseguiu, no início de outubro, uma coisa inédita pelo menos na América Latina. Uma das 35 unidades de conservação no Amazonas onde a Fundação atua, a Reserva do Juma, recebeu certificação da empresa de auditoria alemã Tüv Süd de padrão para projetos de combate às mudanças climáticas.

Na prática, a certificação servirá de instrumento para que a reserva do Juma procure conquistar a confiança de investidores nacionais e internacionais dentro do mercado de carbono, melhorando as condições de preservação. Para o diretor-geral da FAS, Virgilio Viana, uma grande vantagem do atestado é o reconhecimento da metodologia para calcular o ganho de carbono por desmatamento evitado usada no projeto, que segundo ele, garantiu a presevação de mais de 366 mil hectares da reserva.

“O método RED calcula suas projeções de desmatamento evitado baseando-se nas tendências atuais de desmatamento na região, podendo assim contabilizar a emissão de carbono evitada. Houve críticas e barreiras metodológicas, mas agora a RED se tornou um instrumento de mercado. Com ela já conseguimos investimentos de mais três milhões de reais para a região”, diz. Viana reconhece que muito do que foi conquistado pelo trabalho do FAS deveria ser o resultado da ação dos governos estadual e nacional para fazerem valer a lei.

O diretor-geral do FAS admite a velocidade do trabalho do Estado não condiz com a necessidade urgente de mudança. “Já fui secretário estadual de meio ambiente e sei que o governo tem sérios problemas devido à burocracia e rigidez, que o tornam pouco eficiente. Por isso projetos de ação não-governamental em grande escala, que são raros hoje, são muito necessários para mitigar problemas urgentes como o desmatamento”, diz.

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