Salada Verde
Fora de sintonia com a conservação
Usando os dados que lhe convêm e ignorando a necessidade global de se recuperar e manter todas as florestas possíveis frente aos perigos concretos do aquecimento global, o presidente do Sindicato Rural de Joinville (SC), Jordi Castan, publica hoje um artigo no jornal A Notícia defendendo o polêmico “Código Ambiental” aprovado pela Assembléia Legislativa de seu estado. Chama o ecologismo e juvenil e romântico e atesta que o fato da maioria dos brasileiros residirem em cidades seria motivo para um descolamento entre as realidades urbana e rural, como se a primeira jogasse na segunda a responsabilidade pela preservação. Assim, ele procura criar uma dicotomia conservacionista, como se todos, em qualquer região do país, não estivessem diretamente envolvidos com a necessidade de se cumprir a legislação e proteger o meio ambiente.Também usa dados oficiais estaduais questionáveis para mostrar que quase 42 % do território catarinense seria coberto por “floresta nativa” e afirmar que ninguém quer desmatar um metro a mais. Curiosamente, isso é justamente o que o “Código Ambiental” defendido por ele promete: mais devastação. E os números são bem superiores aos verificados pelo Inpe e SOS Mata Atlântica, que apontam menos de 24% do estado com matas nativas. Santa Catarina e Paraná realmente abrigam os maiores remanescentes de Mata Atlântica, mas a desculpa velha de que a preservação inviabiliza pequenos produtores não cola mais. Cabe aos governos criar mecanismos para viabilizar a produção sem mais desmatamento e sem demagogia.