Começa nesta segunda o encontro que pode definir o destino das baleias nos oceanos do planeta. Em Agadir, Marrocos, a Comissão Internacional da Baleia (CIB) e seus 88 países-membros se reúnem até 25 de junho. Eles vão negociar entre outras coisas, o fim da moratória a caça dos cetáceos para comercialização que está em vigor desde 1986.
Três países estão de olho no comércio milionário por trás da permissão da caça das baleias: Noruega, Islândia e Japão. Essas nações já possuem autorização de realizar a pesca para fins científicos. Mas eles querem mais. O país asiático, inclusive, ameaçou deixar a CIB, caso não haja relaxamento na moratória.
A confusão não para por aí. O governo do Japão foi acusado de chantagear países menores que participam do encontro para que votem a seu favor. O escândalo veio à tona através do jornal britânico “Sunday Times”. O interesse principal dos japoneses é o uso gastronômico da carne das baleias e ainda a utilização de sua cartilagem para indústria de cosméticos.
Já a Noruega, desde 1993 retomou a caça às baleias. Suas justificativas são os testes clínicos realizados com o óleo do animal utilizado como complemento alimentar e rico em Ômega 3. Por lá, a população entrou na discussão e conseguiu mobilizar outros 120 países do mundo. Uma carta aberta foi assinada por mais de 100 mil pessoas e entregue ao primeiro-ministro do país, Jens Stoltenberg. Os noruegueses tentam evitar que seu país vote a favor da caça comercial e também do direito de pescar uma cota de 6 mil baleias minke nos próximos 10 anos.
ONG’s como WWF e Greenpeace defendem o fim da indústria baleeira para que a espécie se veja livre do fantasma da extinção. Segundo uma pesquisa de opinião do Greenpeace feita em 2006, 69% da população japonesa era contra a caça do animal e somente 5% comiam carne de baleia. No país asiático a organização teve dois de seus ativistas condenados a prisão por denunciarem, em 2008, um esquema de contrabando ilegal de carne de baleia.
A WWF produziu um informativo defendendo as baleias que vivem nas águas da Antártida. Seis pontos são tratados, entre eles a importância da permanência dos cetáceos para a estabilidade da cadeia de um dos mares mais ricos de vida marinha na Terra. E a preocupação vem de longa data. Desde 1938, que o Oceano Austral é reconhecido como santuário de proteção ambiental. A Antártida foi a primeira região a receber esse direito, justamente pelas mãos da Comissão Internacional de Baleia.
Depois que a proibição global foi imposta à caça comercial de baleias, o número de baleias mortas todo ano caiu de 38.000 para poucos milhares. Mas as perdas são gritantes. Segundo o informativo da WWF, a população da baleia azul da Antártida antes do século XX possuía uma população estimada em 239.000 animais. Neste início de século XXI, a quantidade destas baleias foi reduzida a estimadas 2.300.
O posicionamento do governo brasileiro é de permanência da moratória e deve se manter durante a reunião. Quem também participa do encontro no Marrocos é o Instituto Baleia Jubarte (IBJ), que tem sua sede na Bahia. Sua presidente, Márcia Engel, está em Agadir e só vê uma saída para o futuro das baleias nas águas do planeta: “seria um retrocesso histórico nestes 24 anos de vigência da moratória internacional. Alguns pontos da proposta são inaceitáveis, como a continuidade da caça no Oceano Austral e as elevadas cotas de capturas de baleias”. (Thiago Camara)
Atalhos
Internacional Whaling Comission
Instituto Baleia Jubarte
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