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Mudanças Climáticas colocam em estado crítico 70% dos sinais vitais da terra, mostra estudo

Dos 35 sinais usados para monitorar efeitos das mudanças climáticas na Terra, como temperatura média dos oceanos, 25 atingiram recordes extremos em 2023

Cristiane Prizibisczki ·
9 de outubro de 2024
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Estudo divulgado nesta terça-feira (8) por uma coalizão internacional liderada por cientistas da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, mostrou que a saúde do planeta não está nada bem. Dos 35 parâmetros utilizados para monitorar os impactos das mudanças climáticas anualmente, 25, ou 71% do total, atingiram recordes extremos e preocupantes no último ano.

Dentre os parâmetros analisados estavam temperatura e acidez dos oceanos, temperatura média da superfície da Terra e cobertura do gelo, por exemplo. O artigo mostra, por exemplo, que os três dias mais quentes da história ocorreram em julho de 2024, com temperaturas médias globais diárias atingindo recordes na maior parte do ano.

Segundo o estudo, escrito por 14 pesquisadores de 12 instituições, incluindo a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o número de mortes humanas relacionadas ao calor aumentou 117% nos Estados Unidos entre 1999 e 2023. Em 2022 e 2023, as altas temperaturas também contribuíram para a mortalidade em massa de animais marinhos em todo o globo.

O trabalho também chama a atenção para o curso que a humanidade, com suas escolhas, está tomando. De acordo com a pesquisa, cada 0,1ºC adicional deve afetar cerca de 100 milhões de pessoas e as políticas atuais direcionam o planeta para um aquecimento de 2,7ºC até 2100.

Considerando que, em nível global, a queima de combustíveis fósseis e processos industriais representam cerca de 90% das emissões de gases de efeito estufa, a principal medida a ser tomada é a eliminação destas fontes, por meio da transição energética.

Apesar do cenário preocupante, ainda há tempo de reverter o quadro, avalia  Cássio Cardoso Pereira, doutor em Ecologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos autores do estudo. “Não devemos ser pessimistas. Se reduzirmos as emissões e investirmos em estratégias de remoção do gás carbônico, como a restauração dos ecossistemas, podemos sim alcançar um cenário de emissões líquidas zero até 2050” defende. 

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

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