Representantes de organizações e povos indígenas como Truká, Tuxá e Tumbalalá visitaram a Itália nos últimos dias como parte de um “giro pela Europa” para divulgar impactos nefastos da transposição do rio São Francisco e violações dos direitos humanos na preparação e execução do projeto federal. Durante encontro com o deputado nacional italiano Domenico Scilipoti (da Comissão Meio ambiente, Território e Obras Públicas e da luta contra a privatização da água na Itália), Saulo Feitosa, secretário-adjunto do brasileiro Conselho Indigenista Missionário (Cimi), comentou que o PAC tem 450 obras dos programas do governo Lula que afetam Terras Indígenas. “Segundo nossos dados e pesquisas, há pelo menos 21 projetos que afetam povos indígenas não contatados, em risco de extinção. Temos experiências anteriores, esses encontros são fatais para estes povos. Nesse sentido, a gente fala de etnocídio”.
Já Uilton dos Santos, cacique Tuxá e coordenador-geral da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo, disse que a oposição ao projeto não é uma mera oposição dos indígenas ao desenvolvimento, mas à forma de alcançá-lo. “Desenvolvimento sim, mas não a todo custo. A economia passa por cima da vida e por cima dos direitos humanos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais”, ressaltou. Ele também salientou que a transposição transformará o rio São Francisco no maior mercado hidrográfico do mundo, e que sua água beneficiará apenas o agronegócio e indústrias, não os povos carentes da região. “Para os índios, a água é um bem comum da humanidade, não é mercadoria”, disse. “O vosso desenvolvimento é o nosso massacre!”, completou Pretinha, liderança do povo Truká.
Depois dos encontros na Itália, a delegação seguiu para Genebra (Suíça), para encontrar-se com representantes da Organização das Nações Unidas, e depois para Bruxelas (Bélgica) e Berlim (Alemanha). As informações são do Cimi.
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