Durante a última semana, circulou nas redes uma denúncia de que a prefeitura do Rio de Janeiro teria a intenção de cortar em 50% as equipes dos mutirões de reflorestamento, formadas por pessoas de comunidades carentes do município. Em resposta ao ((o))eco, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente afirmou que a informação não é verdadeira e que ainda será anunciado o plano de 2021 da pasta. O programa, que existe há 35 anos, conta com uma força-tarefa de mutirantes, moradores de comunidades que se voluntariam e recebem uma bolsa-auxílio para realizar o plantio. Como não são servidores da prefeitura, estão mais vulneráveis à “demissão”.
“A informação não procede. O programa de reflorestamento é uma política de estado que existe há mais de 30 anos e será mantido. Devido ao curto período de transição e às graves restrições fiscais que a Prefeitura do Rio enfrenta, a equipe técnica de engenheiros florestais da Secretaria ainda está estruturando o plano para 2021. Esse plano será anunciado em breve”, esclareceu a Secretaria em nota enviada ao ((o))eco.
O programa de reflorestamento já plantou mais de dez milhões de mudas em 3,4 mil hectares de área de morros e encostas em 92 bairros no município do Rio de Janeiro. A iniciativa já envolveu mais de 15 mil moradores das comunidades, que são colaboradores voluntários, cujo pagamento é a bolsa-auxílio dada pela prefeitura. O valor da bolsa gira em torno de um salário mínimo e varia de acordo com uma combinação de produtividade mensal com o cargo (servente ou encarregado). De acordo com dados oficiais do portal do Refloresta Rio, esta remuneração é a única fonte de renda para 60% das famílias que participam do projeto.
Um dos que se mobilizou publicamente sobre a denúncia de corte no programa de reflorestamento foi o deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ). De acordo com ele, o secretário de meio ambiente, Eduardo Cavaliere, voltou atrás de sua decisão após a pressão e repercussão negativa que o caso ganhou nas redes. “O [prefeito] Eduardo Paes mandou todas as secretarias contingenciarem recursos e o mutirão contrata gente que pode ser demitida, porque não são funcionários. Ele [Cavaliere] falou que contra sua vontade avisou às cooperativas de reflorestadores que ia ter que provisoriamente cortar metade. Essa turma falou pros ambientalistas, nós colocamos a boca no trombone e houve uma comoção. Em vista dessa pressão dos ambientalistas e das redes, Cavaliere disse que iria avaliar essa decisão para tentar minimizar os estragos, ver se consegue cortar de outro lado ou cortar menos do que 50%, e por enquanto estaria suspensa essa decisão [de corte]”, conta ao ((o))eco o deputado.
“Esse assunto mostra que tem que ter vigilância e pressão da sociedade, e não tem nada resolvido, o perigo [de corte] continua existindo. Esse reflorestamento nos morros e encostas segura deslizamento, enxurrada, não é só a questão do verde, mas de vidas humanas, de qualidade de vida urbana e ambiental”, completa Minc.
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