Notícias

Passarinhando em São Paulo

Capital paulista recebe encontro brasileiro de observadores de aves. um dos debates trata da consolidação do birdwatching no Brasil. Confira slideshow e cobertura no Blog do Eco.

Cristiane Prizibisczki · João Teixeira da Costa ·
22 de maio de 2009 · 15 anos atrás

Começou ontem (21) na capital paulista o IV Encontro Brasileiro de Observadores de Aves, o Avistar.  Reflexo de como evolui a prática no Brasil, a edição 2009 do encontro traz discussões mais maduras, como a importância do turismo adaptado para o birdwatching e novos usos da tecnologia para aperfeiçoamento das observações.

Além de espaço para discussões sérias sobre o tema, o encontro também é uma “desculpa” para os amantes das aves espalhados pelo Brasil se encontrarem, trocarem idéias e exibirem suas conquistas.

Quem passar pelo Parque Villas Lobos, na zona oeste de São Paulo, até o próximo domingo (24) vai encontrar um bando de gente “esquisita”. Munidos de binóculos e máquinas fotográficas de variados tipos, os birdwatchers geralmente se referem às espécies pelo nome científico e falam de lugares que você nem imaginou que existiam. É uma boa oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a ornitologia – ciência que estuda aves – e receber dicas de equipamentos apropriados e lugares interessantes para observação.

Mas o Avistar não é só momento de descontração. Durante a abertura do evento, na manhã de ontem, a conservação da Mata Atlântica foi o tema do debate.  Bastante impactado – restam apenas 11,26% da cobertura original e boa parte do que restou é vegetação secundária ou fragmentada, longe do ideal para a avifauna – o bioma sofre com o possível rebaixamento no status de diversas unidades de conservação e as mudanças no Código Florestal.

Das 1822 espécies de aves brasileiras, 131 são classificadas como ameaçadas. Dessas, 118, ou 90% das espécies ameaçadas, são da Mata Atlântica. Alguns grupos de aves, em particular, têm grande dificuldade de sobreviver em ambientes fragmentados e empobrecidos, como aqueles que se alimentam de frutas de médio e grande porte e de insetos terrestres de médio porte. Isso sem falar nas de grande beleza visual, muito procuradas por caçadores.

Quanto mais íntegra a paisagem, maior a possibilidade de abrigar espécies. Por isso os observadores de aves são grandes interessados na conservação e muitos são parceiros ou executores de projetos neste sentido.

Para os estudiosos da avifauna brasileira, as aves têm um espaço muito especial na relação do homem com a natureza. Personificações da liberdade, da beleza e dos sons agradáveis, sem contar o papel como indicadores do status de conservação de uma área, as aves fazem uma ponte importante com o ser humano. Deve ser por isso que eles não se importam em passar horas esperando para observar uma espécie. Nem que seja apenas por um instante.

Mais informações no Blog do Eco.

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

Leia também

Notícias
27 de março de 2024

G20 lança até o final do ano edital internacional de pesquisa sobre a Amazônia

Em maio será definido o orçamento; temas incluem mudanças climáticas, risco de desastres, justiça ambiental e conhecimentos indígenas

Colunas
27 de março de 2024

O papel do jornalismo na construção de uma nova mentalidade diante da Emergência Climática

Assumir a responsabilidade com a mudança de pensamento significa assumir o potencial do jornalismo em motivar reflexões e ações que impactam a sociedade

Reportagens
27 de março de 2024

ICMBio tem menos de R$ 0,13 para fiscalizar cada 10.000 m² de áreas protegidas

Acidente com servidores no Amapá escancara quadro de precariedade. Em situação extrema, além do risco de morte, envolvidos tiveram de engolir o próprio vômito

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.