Acordei na Serra da Canastra. Pensei neste dia, em homenagem ao Cerrado. Ironicamente abro minha caixa postal e vejo um documento emitido por um responsável técnico dos órgãos ambientais, dando parecer positivo ao desmate de uma grande área de Cerrado do oeste mineiro. Ou melhor, o pouco que resta deste importante bioma naquela região. A explanação referente à área é tão chinfrim, para não dizer outro adjetivo mais ofensivo, que a frase sobre a fauna existente cita 4 ou 5 espécies, pasmem, vulneráveis ou ameaçadas, e finaliza com um simples ‘etc’. Ou seja, a diversidade faunística do Cerrado, comprovadamente como uma das maiores do mundo, é resumida a três letras.
Não há o que comemorar. Nestes últimos 3 meses viajei pelos Estados de Minas Gerais, Goiás, Bahia e Mato Grosso e efetivamente o que vi foram áreas extensas cobertas com monocultura e pecuária. E como se não bastasse o regaço feito nos campos de cerrado e rupestres destes lugares, estão articulando mudanças nos fluxos dos rios para que a tão vangloriada (pelo governo) produção de grãos mato-grossense seja mais facilmente escoada para o outro lado do mundo.
De acordo com a WWF-Brasil, 40% do Cerrado brasileiro estão ocupados pela agropecuária, e ao todo, o bioma já perdeu mais da metade da vegetação original. E para piorar, menos de 3% desta savana brasileira estão protegidos de fato.
Decididamente, não há o que festejar. Só um lamento pelas espécies que desaparecem sem ao menos serem descobertas e identificadas. Só um desconsolo pelas espécies conhecidas com cada vez menos área para sobreviver e proliferar. Só um triste futuro sem luz no final do túnel. Ou melhor, luz há de ter… do fogo das queimadas. Por isto, este ensaio não vai ter fotos de ‘bichos fofinhos’ ou ‘paisagens nostálgicas’. O que se vive hoje é o Dia de permanente melancolia pelo que um dia foi o Cerrado brasileiro.
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É colhido mais cedo e exige mais herbicidas. Só bobo pra acreditar num semi artigo desse.
BRASIL , MAIOR PRODITOR DE CELULOSE, COM APENAS 0,5% DE SEU TERRITÓRIO EM EUCALIPTO.KE
Será lobby das madeireiras candadenses?
Lá, derrubam de verdade ,o dobro do que “queimam” na Amazônia.
Arvores da Amazônia como pau de balsa, pouco pesquisados, crescem em 2,5 a 3 anos, muito mais q eucalipto. NEM POR ISTO, A AMAZÔNIA SECA…
Se os motivos apresentados pela turma da campanha, porque nada foi colocado sobre sequestro de carbono, provenientes dessas áreas plantadas?
Esse movimento deveria estudar mais sobre cultura de Eucalipto.
Conseguiu vitoria porque comprou , mais uma vez, parte do legislativo. Inocência seria acreditar que
os legisladores votaram a favor do ladrão condenado, por patriotismo ou bem do Brasil. Puro intere$$e particular. Como patrocina ONG$.