A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) arbitrou em favor da Usina de Santo Antônio na queda de braço com a vizinha Jirau, por aumento de capacidade de produção de energia. As duas usinas estão sendo construídas no rio Madeira, em Rondônia. A briga começou há quase 3 anos.
A disputa por mais megawatts (MW) chegou à Aneel, que decidiu pelo meio termo: aprovou o pedido de elevação da capacidade do reservatório de Santo Antônio, que terá que ceder uma parte da Jirau. Como estão há 110 quilômetros de distância uma da outra, qualquer mudança no projeto de uma afeta a capacidade de instalação da vizinha.
Na prática, a Aneel permitiu a usina de Santo Antônio elevar o nível de reservatório de 70,5 metros para 71,3 metros, o que significa o direito de alagar mais 80 km² do projeto original, que era de 350 km². Com as novas dimensões do reservatório (430 km²), Santo Antônio poderá instalar mais seis unidades geradoras.
O acordo prevê que Santo Antônio cederá uma média de 24,3 MW de garantia física, sem ônus, à vizinha. Essa cessão acabará caso o governo entre em acordo com a Bolívia para aumentar o reservatório de Jirau, que alagará parte das terras do país vizinho e recuperará a energia perdida.
Tanto a Santo Antônio Energia, concessionária que administra a Usina de Santo Antônio, quanto a Energia Sustentável do Brasil não se pronunciaram sobre a aceitação dos termos impostos pela Aneel.
Mapa das hidrelétricas Santo Antônio, Jirau e bacia do Madeira
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