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Brasileiros estão mais cientes da importância dos oceanos, mas agem pouco

Pesquisa mostra que 87,5% da população brasileira está disposta a mudar hábitos para salvar oceanos, mas só 7% participaram de alguma ação nesse sentido

Cristiane Prizibisczki ·
12 de junho de 2025

A percepção do brasileiro sobre a importância dos oceanos e a sua relação com o equilíbrio climático da Terra aumentou nos últimos três anos. Nove em cada dez brasileiros concordam que o aumento do nível do mar representa uma ameaça real para as cidades costeiras e 87,5% diz que está disposta a mudar hábitos. As ações concretas neste sentido, no entanto, são ínfimas: apenas 7% participou de alguma ação efetiva nos últimos 12 meses.

Os dados são da pesquisa “Oceano Sem Mistérios: A relação dos brasileiros com o mar – Evolução de Cenários (2022–2025)”, realizada pela Fundação Grupo Boticário, em cooperação com a UNESCO, projeto Maré de Ciência e Univesp, e divulgada esta semana, durante a 3ª Conferência do Oceano da ONU, em Nice, França.

A pesquisa ouviu duas mil pessoas adultas de todas as classes sociais, nas cinco regiões do Brasil. Ela traça um  novo retrato da relação da população com o oceano, três anos após a primeira edição, em 2022.

O levantamento aponta um aumento no conhecimento e na disposição dos brasileiros em adotar hábitos mais saudáveis. 

“Notamos que a conexão da sociedade com o tema está em transformação. Em três anos, a disposição dos brasileiros em mudar hábitos a favor do oceano aumentou 5,4 pontos percentuais. Existe uma clara predisposição para agir de forma mais consciente, mas precisamos estimular ações práticas e disseminar mais conhecimento sobre o assunto”, destaca Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário. 

Para 85% da população, por exemplo, o aquecimento das águas do oceano influencia diretamente a ocorrência de eventos climáticos extremos no Brasil, como secas e inundações. Metade da população (49%) reconhece que o oceano impacta diretamente sua vida, e para 84% dos entrevistados, o oceano e seus ecossistemas estão sob ameaça ou risco.

Apesar dos dados positivos, a pesquisa também mostrou que a disseminação de conhecimento sobre o assunto ainda é necessária. 

Apenas 30% das pessoas compreendem que suas ações influenciam diretamente na saúde do oceano, 23% consideram que as atitudes impactam de forma indireta e 44% acreditam que suas ações não impactam em nada os mares, enquanto 3% não souberam responder. Os impactos mais mencionados causados pelas atitudes humanas são o descarte de lixo (30%), poluição (29%), embalagens (8%), reciclagem (8%), consumo (8%), geração de resíduos (7%), aquecimento global (6%) e consumo de água (6%).

“Os dados reforçam a importância de se promover a aprendizagem e a conscientização sobre o impacto das ações humanas na saúde do oceano, bem como enfatizam a necessidade de se ampliar o conhecimento sobre o papel fundamental do oceano no equilíbrio do planeta”, afirma a diretora e representante da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto. 

Veja a pesquisa na íntegra aqui

  • Cristiane Prizibisczki

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

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