Começaram nesta segunda-feira (16), em Bonn, Alemanha, as negociações climáticas que antecedem a Conferência do Clima da ONU, este ano em sua 30ª edição e que será presidida pelo Brasil. Encontro essencial para o avanço do que será discutido em novembro na cidade de Belém, a Conferência de Bonn teve um início fraco, segundo especialistas, mas o Brasil se mantém confiante.
A Conferência de Bonn são reuniões técnicas, realizadas com o objetivo de compartilhar atualizações científicas e tecnológicas entre os países membro da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e também de impulsionar a construção de consensos para viabilizar as ações climáticas.
Ela é a primeira rodada presencial do ano para as negociações globais sobre o tema e determinará quais debates devem prevalecer em novembro, na 30ª Conferência do Clima (COP30), em Belém.
Na noite de domingo (15), o Itamaraty promoveu um jantar com os demais negociadores para tentar adiantar pontos da agenda da COP, mas, segundo o Climainfo, o resultado foi limitado e os trabalhos desta segunda, quando a Conferência de Bonn realmente teve início, começaram do zero.
Durante o momento informal, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, ao lado do Presidente da COP29, o azerbaijano Mukhtar Babayev, propôs três linhas de ação estratégicas para estimular a reflexão das delegações.
- 1) Fortalecer o regime multilateral do clima de agora até a COP30 e além.
- 2) Avançar em temas não concluídos da COP29, como a implementação dos resultados do Balanço Global (GST) – que mede os avanços a partir do que foi acordado em Paris há 10 anos – e o Programa de Trabalho sobre Transição Justa (JTWP).
- 3) Superar os impasses na definição de indicadores para a Meta Global de Adaptação (GGA) no contexto do Programa de Trabalho UAE-Belém.
A agenda dos negociadores será intensa nas próximas duas semanas na cidade Alemã: mais de 30 eventos oficiais e 48 itens de agenda para serem discutidos.
“O objetivo é claro: transformar a COP30 na COP da implementação, da inclusão e de práticas reais, do mutirão”, afirmou Corrêa do Lago.
Em seu discurso de abertura da Conferência de Bonn, o secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, chamou a atenção dos países participantes para a necessidade de ações concretas, mesmo em um momento em que o multilateralismo é colocado à prova.
“A maré mudou para a ação climática, e não há como voltar atrás, porque isso é inteiramente do interesse de cada nação. Então eu peço a vocês: vamos mostrar como estamos chegando a esse momento, com uma unidade de propósito mais forte do que nunca e extremamente focados em resultados reais”, disse.
Enquanto negociadores discutem clima e multilateralismo em Bonn, o presidente Lula participa da cúpula do G7 no Canadá (15-17 de junho), reforçando a diplomacia brasileira em temas-chave da COP30, como transição energética, financiamento e governança global.
Internamente, o Brasil continua tendo que lidar com contradições: na terça-feira (17), a Agência Nacional de Petróleo (ANP) fará o leilão do 5º ciclo de oferta permanente de concessão (OPC) para 172 blocos exploratórios, sendo 47 blocos na foz do Amazonas – mesmo com a recomendação do MPF para que os blocos da Foz sejam retirados.
A 62ª sessão dos Órgãos Subsidiários da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (SB 62) começou nesta segunda-feira (16) no Centro Mundial de Conferências de Bonn (WCCB), na Alemanha. A reunião se estende até o dia 26.
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