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De bigode cinzento e cara bondosa Seu Luis Bravo, guarda do parque, pede para que preenchamos um pequeno formulário necessário para ingressar. “É que agora controlamos a capacidade de carga, porque com isso da entrada gratuita vem mais gente”. Nativo de Angas, morou toda sua vida perto do parque. “Aqui a estrada foi construída faz uns 20 anos, o caminho antigo era por Molleturo, ali estavam o que era conhecido como as quatro estações importantes para o comercio, Arimachay, Quinuas, Miwid e Molleturo”.
O parque funciona como principal fonte de água para a cidade de Cuenca, diz Seu Luis enquanto nos mostra a lagoa Toreadora. “Aqui do parque levam água para a cidade, antes levavam de Saucay, mas com o crescimento da cidade, levam de um ponto que se chama Sustag, e também de trás do rio Yanuncay”. Só dentro da área protegida existem 284 lagoas “e fora do parque existem mais montanhas e também lagoas, assim que falamos de umas 400 lagoas que aportam para o fornecimento de água em Cuenca”.
Seu Luis lembra que quando foi demarcado o parque pelo Ministério de Agricultura e Pecuária, os primeiros encarregados, houve uma guerra com processos e advogados, entre os moradores e o Ministério. “Foi bárbaro, uma vez quase mandaram de volta queimado um engenheiro, porque já não se podia ter gado nem cavalos, e disso a gente aqui vivia antes”. “Muitas comunidades perderam tudo, e só se salvaram os que tinham documentos”.
Para Luis, há duas opiniões do parque, “em primeiro lugar, o parque é lindo, imagine o que é poder mostrar a natureza intocada a seus filhos, mas o difícil é isso que os parques já são de todos e entra gente que não sabe de natureza nem de proteção e vem querendo fazer o que querem, tem gente que vem para acabar com a floresta e queimar as matas”. Os 24 guarda-parques que trabalham no parque não podem cobrir toda a área, o que dificulta seu trabalho.
O vento está cada vez mais forte, “hoje vocês tiveram sorte, todos estes dias fez frio, por isso eu venho preparado”, diz Seu Luis, e nos mostra a adaptação que fez em seu uniforme para resistir o frio. “Mas vocês têm que ir a Angas em suas festas, lá só se vê pessoas com ponchos, temos a banda da comunidade e muitos fogos de artifício, essas tradições não se perdem”. Com o convite feito e a promessa de retornar, partimos rumo à seguinte aventura.
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