Salada Verde

MP reitera pedido à Justiça do Pará para tirar FAEPA de mediação de conflitos agrários

Ministérios Públicos haviam solicitado à Ouvidoria do Tribunal de Justiça a retirada da Federação de produtores da comissão, mas não tiveram resposta até o momento

Cristiane Prizibisczki ·
18 de maio de 2023
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Os Ministérios Públicos Federal (MPF) e do estado do Pará (MPPA) enviaram, na última terça-feira (16), novo pedido ao Tribunal de Justiça do Estado (TJPA) para que o órgão torne sem efeito a nomeação da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) para a presidência de órgão mediador de conflitos agrários no estado. Os MPs entendem que a federação de produtores rurais tem uma “parcialidade presumida” e não estaria intitulada a comandar a mediação.

Na última semana, os Ministérios Públicos, em conjunto com as Defensorias Públicas da União (DPU) e do Estado (DPE/PA), já haviam solicitado à Ouvidoria do Tribunal de Justiça a retirada da Faepa da presidência do órgão, mas até o momento não tiveram sua solicitação atendida, por isso o novo pedido feito, desta vez encaminhado à presidência do Tribunal.

Neste novo requerimento, os órgãos solicitantes também incluíram o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) no pedido de anulação, já que o Instituto também estaria no comando de uma das comissões de mediação. A razão para a exclusão do INCRA é a mesma da FAEPA: o órgão teria parcialidade presumida e não estaria intitulado a assumir tal função.

Os MPs e Defensorias Públicas também argumentam que a Comissão de Mediação de Conflitos Agrários no Pará desrespeitou determinação do Supremo Tribunal Federal. 

No final de 2022, o Superior Tribunal Federal (STF) decidiu que os Tribunais de Justiça dos estados deveriam retomar os processos de reintegração de posse e conflitos agrários que haviam sido paralisados durante a pandemia da Covid-19. A medida havia sido tomada em 2021, por meio de uma ação proposta pelo PSOL no STF, a fim de evitar despejos coletivos durante a crise sanitária.

Como medida para essa “retomada gradual” dos processos, os Tribunais dos estados deveriam criar comissões para assessorar os juízes na tomada de decisões. Segundo o STF, essas comissões deveriam ser formadas exclusivamente por servidores e membros do Judiciário, com qualificação e experiência em técnicas de mediação e conciliação.

A escolha da FAEPA e do INCRA, no entanto, se deu por sorteio, nos processos realizados pelo Tribunal de Justiça do Pará.

Segundo apurou ((o))eco, tais subcomissões a comando da Faepa e INCRA ainda não participaram de nenhuma reunião de mediação.

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

Leia também

Salada Verde
12 de maio de 2023

Federação de produtores rurais do Pará preside órgão que media conflitos agrários no estado

Ministério Público e Defensorias contestam nomeação da Faepa para a função, por entenderem que entidade pode ser parcial em suas decisões

Notícias
31 de janeiro de 2023

Em 12 anos, Pará só recuperou um dos mais de 10 mil imóveis cancelados por grilagem no estado

Pesquisa revela caos na política fundiária paraense. Líder no desmatamento da Amazônia, estado não sabe o status de 10.396 imóveis registrados ilegalmente

Notícias
21 de setembro de 2022

Sob Bolsonaro, extração ilegal de madeira em áreas protegidas do Pará aumenta 1000%

Cerca de 40% da exploração madeireira no estado como um todo aconteceu de forma ilegal, mostra levantamento de instituições ambientais divulgado nesta quarta-feira (21)

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.