Fotografia

Com o olhar de um turista

Aos 200 anos, o Jardim Botânico parece tornar o Rio de Janeiro mais jovem. Lá as pessoas, que sentindo-se distantes da floresta, podem fazer de conta que fugiram para o mato.

Redação ((o))eco ·
13 de junho de 2008 · 16 anos atrás

Completar 200 anos fez bem ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ele remoçou muito, às vésperas do aniversário, sem perder a textura dos velhos troncos e outros trunfos inalienáveis de sua idade. Teve prédios históricos restaurados. As alamedas do arboreto foram calçadas com uma terra batida, que agora poupa aos visitantes o desgosto de tropeçar em casos de entulho. E várias casas foram recuperadas na justiça, invertendo o longo ciclo de invasões que, há tempos, vinha instalando no parque quase de dois mil moradores.

Com ele, rejuvenesceu a própria cidade. Ou, pelo menos, o pedaço da Zona Sul a que o Jardim Botânico deu nome. Hoje o bairro tem ruas que se incorporaram ao roteiro turístico do Rio de Janeiro simplesmente por darem vista para suas grades. A seu redor, o Rio de Janeiro parece mais jovem, porque mais parecido com o que foi há um, dois ou mais séculos.

Dentro do arboreto, então, nem se fala. Nele continuam reconhecíveis, ao vivo e em cores, as fotografias em branco e preto tiradas há mais de cem anos por pioneiros como Marc Ferrez ou Leuzinger, nos mesmos bambuzais, pontes e aléias de palmeiras, que atravessaram de pé as décadas de bota-abaixo, para o avanço da cidade.

No Jardim Botânico, cariocas e forasteiros ainda podem passear em cenários do século 19. Recém-casados, debutantes e aspirantes a modelo podem posar para as câmeras. sem medo de que a desordem urbana do século 21 leve embora o equipamento, como provavelmente ocorreria em outras áreas públicas. E lá também as pessoas que vivem na cidade sentindo-se meio degredadas da floresta nativa podem fazer de conta que fugiram para o mato, em dias de folga que não deixem brechas para viagens.

É o que faço, às vezes, a pretexto de experimentar máquinas ou equipamentos mas, na prática, comportando-se como qualquer turista se comporta no Jardim Botânico, o laboratório a céu aberto de uma instituição de pesquisa científica que serve para educar até o olho vadio dos leigos em botânica. As fotografias desta coleção, feitas com certa indolência em recentes fins-de-semana, estão reunidas aqui para que o Eco não deixe passar em branco o bicentenário do Jardim Botânico.

Leia mais sobre o Jardim Botânico na reportagem Pai de Todos.

Leia também

Reportagens
7 de maio de 2024

Organização inicia debates sobre a emergência climática nas eleições municipais

“Seminários Bússola para a Construção de Cidades Resilientes”, transmitidos pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade, começaram nesta segunda e vão até sexta, das 18 às 20h

Reportagens
7 de maio de 2024

Encurraladas por eucalipto, comunidades do Alto Jequitinhonha lutam para preservar modo de vida comunitário

Governo militar, nos anos 1970, fomentou a implantação de monocultivos de eucaliptos para fornecer matéria-prima ao complexo siderúrgico

Reportagens
7 de maio de 2024

Da contaminação por pó de broca à luta ambiental: a história de um ambientalista da Baixada Fluminense

Em entrevista a ((o))eco, o ambientalista José Miguel da Silva fala sobre racismo ambiental, contaminação e como é militar pelo meio ambiente em um município da Baixada Fluminense

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.