Estudo com 80 famílias de 15 comunidades da Resex Alto Juruá, no Acre, aponta desmatamento em aceleração. A Unidade de Conservação de Uso Sustentável ocupa 538 mil hectares (área pouco menor do que o Distrito Federal), perto da fronteira com o Peru. Criada em 1990, foi a primeira reserva extrativista do país.
O autor do trabalho é Josimar Silva Freitas, doutorando em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido, pela Universidade Federal do Pará. A razão do fracasso, segundo ele, é a falta de investimentos do governo federal: “Tudo é muito teórico, mas o estado é ausente em todos os aspectos”.
As informações obtidas por Freitas indicam que o modelo funcionou bem até 1997, enquanto recebeu recursos do PPG-7 (Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil), financiado pelo Banco Mundial. Mas, desde então, os investimentos minguaram.
O pesquisador defende a ideia de que para salvar a floresta é preciso primeiro atender as necessidades da população. Quando isso não acontece, o meio ambiente paga a conta. “As pessoas hoje estão criando gado e retirando madeira ilegalmente, sem fiscalização”, diz. “É uma decisão de sobrevivência”.
Já a bióloga Rita Mesquita, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), acredita que a opção por atividades que causam desmatamento se deve à falta de uma política de valorização de produtos extrativistas: “O problema está nos incentivos que determinadas atividades econômicas, como a pecuária, ganham e que não são dados aos produtos da floresta”.
Dados de desmatamento do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) indicam que 2,81% da Resex do Alto Juruá haviam sido desmatados até 2013, o equivalente a 15,8 mil hectares. A maior parte das perdas ocorreu após 1997, e os maiores incrementos na área desmatada ocorreram nos anos 2000 e 2010, respectivamente 0,43% e 0,33% do total da cobertura florestal.
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