É durante o verão daquele país, na mesma época do verão brasileiro, que um pequeno parque nacional dá um show particular. Seu nome é Abel Tasman e, apesar de ser o menor parque do país, não deixa a desejar a nenhum de seus vizinhos. Pelo contrário, é um dos mais visitados das três Ilhas.
O Parque Nacional Abel Tasman tem 22.530 hectares e fica ao norte da Ilha do Sul. Seu nome é uma homenagem ao primeiro europeu a ancorar em terras neo-zelandesas, em 1642. Na época, não foi nem um pouco bem recebido: Tasman e sua frota de dois navios foram expulsos pela tribo Maori Ngati Tumatakokiri, que habitava a região há mais de 500 anos. Foi apenas a partir de 1855 que seu território foi lentamente ocupado. A partir de então, parte da floresta foi extraída para a construção de navios e criação de pastos.
Diante da preocupação com o desmatamento progressivo da costa do país, a proposta para criação de uma área protegida foi concebida na década de 1930. Em 1942, no 300º aniversário da visita de Abel Tasman, o parque nacional foi criado, com 15.000 hectares.
Quase miragem
Para o visitante, o grande chamariz do parque nacional está em suas praias de areias brancas e águas límpidas, combinadas com seu relevo montanhoso que beija o mar. Com montes de granito e algum calcário e mármore, o caminhante pára de contar o número de estuários cristalinos que desembocam em seu litoral.
Os programas preferidos no Abel Tasman são snorkelling, caminhadas pela ilha, velejo e caiaque. Para os mais contemplativos, são oferecidos passeios de barco ou, simplesmente, aproveitar para relaxar nas areias quentes em uma de suas praias paradisíacas.
Tanta farra tornou-se viável graças ao trabalho do Departamento de Conservação da Nova Zelândia, que desenvolveu um programa de preservação da natureza visando a minimização do impacto humano naquelas terras. Seus objetivos vão desde a regeneração da floresta natural ao uso de energia solar, reciclagem do lixo e eliminação do esgoto. Os ministros do Meio Ambiente e do Turismo também se envolveram no projeto, criando o Nelson-Tasman Sustainable Tourism Charter (Carta de Turismo Sustentável de Nelson-Tasman), onde a importância do envolvimento de comunidades locais foi reconhecida para alcançar uma maior sustentabilidade ambiental e econômica.
O Parque Nacional Abel Tasman pode ser visitado durante todo o ano, já que possui um clima temperado. A vantagem do verão são suas águas quentes, e, a do inverno, um menor número de visitantes e águas mais calmas.
Por mar
Conhecer o Abel Tasman remando de caiaque é, sem dúvida, o melhor programa. Do leigo ao experiente, todos podem aproveitar. Sobretudo porque um pequeno treinamento sempre é oferecido antes do passeio. Não faltam companhias de turismo com múltiplas opções: dias inteiros; dois dias; e até três. Também é possível combinar remadas até um destino e depois continuar a pé, explorando outras partes do parque. A volta, geralmente, também está incluída no pacote, proporcionando mais um passeio de barco.
A privacidade é um dos trunfos dessa aventura, já que algumas praias têm acesso exclusivo pelo mar. Para quem escolher um maior grau de dificuldade na travessia, o contorno da baía de Anchorage, ultrapassando a Mad Mile (Milha Louca), serve como desafio. Dali, o vento e as ondas são o bravo competidor que os remadores precisam vencer. A recompensa vem com o suor no rosto, em forma de praias com água cor de esmeralda e um belo piquenique.
Para snorkelling e mergulho, vale a pena seguir para a Reserva Marinha da Ilha de Tonga. Em frente à costa do Abel Tasman, possui uma área de 1.835 hectares, onde golfinhos e focas são visitantes frequentes.
Por terra
Também é abundante o número de caminhadas no Abel Tasman. Para os que gostam de passeios mais curtos, existe a comodidade dos táxis marítimos, que podem levar ou buscar o visitante em qualquer ponto da costa, facilitando a escolha do trajeto.
Mas a grande sensação está nas duas caminhadas longas oferecidas. A mais popular é a Coast Track (Caminho da Costa), que faz parte das Great Walks (Grandes Caminhadas) da Nova Zelândia. Esse título representa o que o país tem de melhor no nível de caminhadas, no que se refere à paisagem e manutenção. Nessa trilha de 52 quilômetros, o caminhante aproveita para conhecer parte da floresta do parque, assim como algumas de suas mais belas praias.
Para os que gostam de variar, a Inland Track (Trilha do Interior) oferece a experiência de caminhar por dentro do parque, passando por florestas e rios, além de uma visita ao monte Takaka. Em três dias de caminhada, 37,5 quilômetros são percorridos.
Para ambas as caminhadas, reservas são obrigatórias. Também é possível escolher acampar ou ficar em abrigos construídos ao longo das trilhas, onde há colchões, banheiro e água potável.
Onde ficar
A experiência de pernoitar no parque é aconselhável, aproveitando o céu estrelado e a tranquilidade que o contato com a natureza oferece. Oito abrigos são distribuidos ao longo das duas trilhas de longa duração, além de campings com banheiros e chuveiros de água fria.
Para um maior conforto, as cidades de Mouteka, Takaka e Kaiteriteri oferecem pousadas e hotéis, para todos os gostos e orçamentos.
Para quem conhece e gosta da Ilha Grande, perto da divisa do Rio de Janeiro com São Paulo, imagine um lugar parecido, mas com super infraestrutura de turismo e aventura e dez vezes mais paz: assim é o Parque Nacional Abel Tasman.
Serviço
Como ir
Aerolineas Argentinas – vôo do Rio de Janeiro/São Paulo para Auckland a partir de R$ 3.800
Air New Zealand – vôo de Auckland para Nelson (Ilha do Sul) a partir de US$ 127
Onde ficar
Reservas de acomodação no parque (Departamento de Conservação)
Maharau Beach Camp – Cabines para duas pessoas, com banheiro e cozinha equipada por US$ 38
Awaroa Lodge – acomodação de luxo integrada com a natureza. A partir de US$ 140, para duas pessoas
Passeios
Wilsons – passeios de caiaque a partir de US$ 60
Kiwi Kayaks – passeios de caiaque. Dois dias combinando caiaque/caminhada a partir de US$ 90
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