“Ecossistemas de surfe” são aliados contra crise do clima, mostra estudo
Florestas, manguezais e pântanos ao redor de picos de ondas guardam quase 90 Mt de CO2; metade está em 5 países, entre eles, o Brasil →
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Média do mês só perde para julho de 2023, o mais quente já registrado; segundo observatório europeu, no entanto, tendência é que ano de 2024 seja mais quente →
Aprovado a toque de caixa na Câmara, PL que torna a estrada “infraestrutura crítica” agora tramita no Senado e pode ser enfraquecido por liminar que derrubou licença prévia da obra →
Freio a renováveis e abandono da cooperação internacional preocupam ativistas na França; esquerda e centro tentam “cordão sanitário” após derrota inicial →
Ministério de Minas e Energia diz que está produzindo documentos preparatórios para a política, mas não pode divulgar data de conclusão →
Enquanto financiamento climático patina, US$ 705 bilhões foram injetados em energia suja apenas no ano passado, mostra relatório →
Aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, PL 364/19 ameaça vegetação nativa “não florestal” em todos os biomas e pode ir direto ao Senado →
Desde início do conflito, país é um dos 5 maiores fornecedores de óleo bruto a Netanyahu; organização afirma que embargo pressionaria por cessar-fogo →
Por quatro dias a temperatura média global ficou 2 °C acima da pré-industrial, diz serviço climático europeu →
Eventos de temperatura extrema aumentaram quase quatro vezes desde os anos 1970, mostra estudo; idosos, mulheres, negros e menos escolarizados são os mais afetados →
O líder de Minas e Energia citou o Papa Francisco, apoiou discurso de presidente de petroleira e debateu com minerador que investe em hidrogênio verde →
Ruptura no vórtice polar causa queda de 51ºC nas médias no Norte; América do Sul enfrenta ondas de calor e tempestades →
Caos climático de 2023 expõe racha na comunidade científica; há quem diga que só vamos cair no abismo, há quem diga que estamos indo para lá mais rápido →
Salto de 40% em renováveis desde 2020 mexe pouco no predomínio dos fósseis na matriz energética global; mundo segue no rumo de 2,4ºC de aquecimento →
Especialistas comentam que faltaram ações de acordo com as especificidades de diferentes áreas do bioma →
Serviço climático europeu mostra que setembro foi 1,75 °C mais quente do que a média pré-industrial para o mês, batendo todos os recordes →
Oito anos depois da pioneira Laudato Si, Francisco defende eliminação dos combustíveis fósseis →
Temperaturas podem ficar 5°C acima da média até o fim da semana →
Setor é responsável por 37% do despejo de gases-estufa na atmosfera →
Primeiro balanço global do combate à crise climática destaca a desproporção entre investimentos em ação climática e na indústria de óleo, gás e carvão →
Autorizações emitidas a rodo, reserva legal "móvel" e ausência de monitoramento legalizaram o que é irregular e compõem cenário de descontrole da derrubada →
Projetos analisados superestimam desmatamento evitado, gerando “compensação fake” de emissões →
Cientistas atribuem gravidade de fogo na província de Québec em 2023 às emissões de gases de efeito estufa; país segue com temperaturas altas e gente desalojada pelo desastre →
Piores incêndios florestais da história canadense já devastaram mais de 13 milhões de hectares e emitiram 290 milhões de toneladas de gás carbônico →
Dados apresentados ontem pelo Cimi fecham balanço dos últimos 4 anos; mais de três mil crianças indígenas morreram, desassistência à saúde dobrou e assassinatos aumentaram no mínimo 30% →
Cientistas descobrem degelo maciço ocorrido há 400 mil anos, que elevou nível do mar em 1,4 metro →
Combinação de aquecimento global e desmatamento reduziu precipitação anual e dias chuvosos pela metade no bioma no inverno e na primavera →
Resolução proíbe bancos de emprestar a produtores com cadastro ambiental sobreposto a terras públicas ou suspenso →
Petrobras quer explorar foz do Amazonas mesmo sem uma Avaliação Ambiental de Área Sedimentar que verifique se a área está apta →
Maior responsável é o agronegócio, que consome 80% da água doce no Brasil. ONU organiza primeiro simpósio sobre o tema, a partir de hoje, em Nova York →
Ministérios da Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente propõem seminário para definir ações de adaptação a eventos extremos em 1.038 municípios prioritários →
Decreto de Lula ressuscita principal colegiado ambiental do Brasil, que terá 114 membros e ampliação da participação social, mas segue dominado pelo governo →
Vinte anos depois do PPCDAm, nova estratégia de controle do desmatamento terá 19 ministérios e abarcará todos os biomas →
Estações de esqui fecham por falta de neve e cientistas afirmam que onda de calor é mais provável devido à mudança do clima; 2022 foi ano mais quente no Reino Unido →
Conferência do clima na África decide enfim criar fundo para perdas e danos, mas fracassa em atacar o ponto central da crise climática, os combustíveis fósseis →
Bloco dos países em desenvolvimento demanda mecanismo financeiro nos moldes do Fundo Verde do Clima; EUA dizem que não aceitarão; ilhas ameaçam abandonar processo →
Estudo inédito mostra que desmonte da governança ambiental fez Amazônia disparar em emissões, tornar-se mais quente e menos chuvosa →
Emendas que enfraqueciam texto foram derrotadas; legislação segue para debate, com decisão esperada no fim do ano →
Baixa liquidação orçamentária coincide com escalada no número de focos de incêndio em agosto e setembro →
Relatório da OCDE mostra que nações ricas ficaram US$ 17 bi abaixo da meta de financiamento para 2020 e 70% do recurso foi empréstimo →
Grupo de Trabalho estabeleceu oito medidas que deveriam ter sido efetivadas antes da concessão da licença prévia para evitar desmatamento; nenhuma foi cumprida →
Conhecido por elaborar a Hipótese Gaia, cientista foi um dos pioneiros no alerta sobre a crise climática →
Novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) indica que regiões da América Latina estão próximas a um ponto “irreversível” →
Especialistas em clima comentam os capítulos mais recentes da crise global que levou termômetros de países como Reino Unido, Portugal e Espanha a baterem recordes históricos →
Por 6 votos a 3, magistrados decidem reduzir o poder da Agência de Proteção Ambiental (EPA) de regular as emissões de carbono de centrais de energia →
Eventos extremos como a queda nas temperaturas nesta semana em diversas regiões do país fazem parte de um cenário de planeta mais quente →
Perguntas e respostas sobre a oferta permanente de óleo e gás, que terá 379 blocos em licitação nesta quarta-feira (13) →
Terceiro volume do sexta relatório de avaliação do Painel do Clima da ONU foi lançado nesta segunda-feira (04) →
Relatório mostra que "revogaço" de colegiados pelo governo Bolsonaro desmontou plano de desenvolvimento sustentável do Xingu; R$ 43 mi deixaram de ser investidos até agora →
Estudo do MapBiomas mostra que apenas 6,1% da área desmatada da Amazônia em 2020 teve embargos ou multas do órgão ambiental →
Cientista paulista mostrou que a floresta recicla a própria umidade, o que levou à descoberta dos “rios voadores” →
Queda foi a maior do G20 e se deveu a retrocessos na política ambiental, mostra relatório lançado na COP26 →
Ministro britânico Alok Sharma diz que encontro na Escócia é a “última melhor chance” de atacar a crise do clima, mas rixas entre países pobres e ricos ameaçam resultado; observadores são barrados das salas de negociação →
Brasileira coautora de relatório da ONU que aponta que Brasil foi único país do G20 a retroceder em meta climática diz que seria melhor manter a NDC antiga →
Na região da Amazônia que virou fonte de carbono e pôs a ciência em pânico, rodamos pelas estradas em busca de algum mato para contar a história →
Enviado de Biden para o clima elogia Índia, China e África do Sul e diz que “outros países” estão “removendo os pulmões do mundo” →
Líder do estudo pioneiro que mostrou que parte da Amazônia já emite mais carbono do que absorve diz que Brasil está na contramão do Acordo de Paris →
Cientistas do INPE afirmam que mudança climática e desmatamento transformaram região sudeste da floresta em fonte de CO2, agravando o aquecimento global →
15 medidas que o novo ministro do Meio Ambiente deveria tomar para mostrar que é diferente de Ricardo Salles →
Algo parecido ocorreu em 2019, quando comitês ambientais extintos em abril foram recriados em novembro, às vésperas de conferência do clima →
Novo estudo afirma que mudança em lei federal, apontada como panaceia pelo governo, não resolveria problema fundiário e aumentaria grilagem →
Cientistas alertam para fim do bioma “como o conhecemos” em cenário de mudança climática e desmatamento sem controle →
Realidade da mudança do clima é reconhecida por 92% de entrevistados de nova pesquisa Ibope; no entanto, apenas um quarto afirma saber muito sobre o tema →
Presidente faz anúncio amplo de medidas para gerar empregos e impulsionar a economia por meio do combate à crise climática e decreta moratória a óleo e gás em terras públicas →
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Eventos extremos, boiada passando e uma ponta de esperança no final de um ano que todos queremos esquecer →
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Instituto cruza dados de desmatamento com ocorrência de fogo em nova seção de site, com atualização mensal; dados desmentem Bolsonaro e Mourão →
País tem relação historicamente conturbada com as negociações de clima, moldou acordo atual às suas circunstâncias internas e mesmo assim o abandonou →
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Cidade russa registrou 38oC no fim de semana, no início do verão do ano que pode ser o segundo mais quente da história →
Análise do Observatório do Clima indica que carbono emitido por desmatamento pode subir até 50% em relação a 2018, compensando queda em energia →
Temperatura da água no primeiro trimestre é a maior já medida em 35 anos e agência alerta para risco de mortalidade de recifes →
Ex-diretor do Inpe diz que desmatamento deve passar dos 10.000 km2 em 2020 e que Conselho da Amazônia deixou Salles “livre para fazer o que quiser” →
Novo estudo afirma que aquecimento lançará espécies no precipício bem antes do fim do século; oceanos tropicais já podem estar chegando lá →
Derretimento de 600 bilhões de toneladas em dois meses elevou o nível do mar em 2,2 mm no verão do ano passado, aponta estudo →
Carta assinada por quase 50 organizações e 14 coletivos afirma que restrição de acesso ao Congresso pela Covid-19 impede debate democrático sobre proposta →
Cientistas afirmam que inação climática nos últimos dez anos fez com que humanidade tenha de cortar emissões quatro vezes mais e em um terço do tempo →
Elevação do nível do mar é principal componente de ameaça, em processo de erosão que inclui fatores naturais e ocupação humana →
Encontramos falsidades e distorções nos argumentos do relator do projeto que muda a lei geral do licenciamento e explicamos por que o texto está longe do consenso →
Aquecimento e redução inédita no buraco de ozônio causam “troca-troca” de massas de ar entre região polar e trópico, diz cientista →
Análise de ONG afirma que medida de Bolsonaro para anistiar invasão de terras é um “Refis” fundiário e pode levar ao desmatamento de 16 mil km2 em 7 anos →
De agosto a janeiro área de alertas já era 3% maior do que em todos os 12 meses da série do ano retrasado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais →
Estudo sugere que 16% da floresta queimará em 2050 e que incêndios emitirão mais carbono; zerar desmatamento atenua, mas não resolve problema →
Acompanhe a retrospectiva de um ano intenso no noticiário climático →
Antiprêmio foi dado por rede internacional de ONGs pela MP da grilagem de terras →
Demanda por informação no Meio Ambiente quadruplica, mas 77% dos pedidos são engavetados →
Nova edição do relatório Emissions Gap afirma que Brasil é um dos sete países que se afastaram da trajetória do Acordo de Paris →
Análise publicada em revista internacional teve autores que se recusaram a assinar por medo de represália →
Em carta a representante do BID no Brasil, chanceler diz que quer fazer anúncio “mesmo que preliminar” de novo fundo na conferência de Madri; Fundo Amazônia segue congelado →
Ministro Ricardo Salles defende soluções para a Amazônia que já constam em plano que ele engavetou →
Devastação em setembro é 96% maior do que no mesmo mês do ano anterior, segundo sistema de alertas do INPE. Foram derrubadas 1.447 km2 de mata, contra 739 km2 em setembro de 2018 →
Levantamento mostra que, de 190 dias úteis trabalhados pelo ministro neste ano, 26 traziam agenda “sem compromissos oficiais” →
Estimativa feita pelo OC mostra que país ficará pelo menos 2% acima de objetivo para 2020 e não tem nem sequer os instrumentos para atingir compromisso no Acordo de Paris →
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Bem aqui. Enquanto o vórtice polar gela os ossos dos moradores de Chicago, o Brasil e a Austrália tostam no verão mais quente e seco dos últimos anos →
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Negociações técnicas na COP24 empacam em temas espinhosos, como a diferenciação entre países ricos e pobres e a menção a 1,5ºC no documento, vetada pelos sauditas; chefes de delegação tentarão acordo nesta semana →
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Série em cinco episódios do Observatório do Clima aborda as motivações que estão por trás das queimadas e os impactos da destruição do meio ambiente →
Midiática, cúpula organizada pelo presidente da França para marcar aniversário do Acordo de Paris trouxe protagonismo entre governos nacionais, subnacionais e iniciativa privada →
Paraguai correu para subscrever a candidatura do Brasil à sede da COP 25 e outros fatos que ocorreram no fim da conferência de Fiji, em Bonn →
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Inflexão na taxa ainda não compensa subida dos dois anos anteriores; pior ainda, dados do Imazon apontam pressão de grileiros sobre áreas protegidas do sul do Amazonas que Eliseu Padilha quer tesourar →
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Dados da Nasa mostram que janeiro de 2017 é “apenas” o terceiro mais quente da história desde o início dos registros, mas não se anime: Donald Trump e Michel Temer estão aí para corrigir essa falha →
País lança na COP22, em Marrakesh, uma coalizão internacional com mais 19 nações para promover combustíveis de baixo carbono, mirando mercado para álcool de cana de segunda geração →
Pesquisadores do Canadá acabam de recalcular quanto o mundo esquentaria caso resolvêssemos torrar todos os combustíveis fósseis ainda existentes. Limite é maior do que se imaginava →
Estudo de consórcio internacional que inclui cientistas brasileiros mostra que vegetação secundária na América Latina absorve 11 vezes mais CO2 do ar que matas amazônicas maduras →
Na prévia da Convenção do Clima as negociações avançam. O problema, como sempre, é o dinheiro. →
Passando pela Praia de Atafona, vemos uma casa com duas janelas, uma ao lado da outra. Embaixo delas, uma boca desenhada faz com que enxerguemos a fachada da moradia como um rosto simpático. Na pequena porta ao lado do “rosto”, encontramos Ines Vidipo encostada no muro apreciando a praia, enquanto um reggae toca na varanda da casa. Casa essa que é também um bar, o “Casa-bar erosão”, negócio administrado por Dona Ines desde 2020. Muito mais que apenas uma pintura, o “rosto” simpático na parede é um grande simbolismo, já que simpatia é o que não falta ali. “Aqui uma hora é um bar, outra hora é casa. Você chega, você fica à vontade, você faz seu churrasco e canta seu karaokê, do jeitinho que eu acho que tem que ser, que é também o modelo de Atafona. É um diferencial”, conta ela ao falar sobre seu bar.
Ines Vidipo “é uma apaixonada por Atafona”, como se define. Antes de se instalar de fato no distrito, era frequentadora da praia há mais de 10 anos e sempre ia com a família. Adorava ficar acampada em tudo quanto é lugar, só para poder aproveitar cada canto de Atafona. “Até em cima do bar de um amigo eu já acampei”, contou. Desde 2020, ela mora no distrito e não tem pretensão alguma de sair.
Além do bar, Ines trabalha na prefeitura de São João da Barra com crianças com deficiência. Mas todo tempo que tem, prefere estar no seu “Casa-bar”. Antes do Erosão, Ines tinha outro bar conhecido como Birosca, de onde teve que sair por causa do avanço do mar.
Foi em uma segunda-feira de carnaval que ela começou a ver o mar chegando em seu antigo bar. “Eu estava fazendo uma caranguejada no dia, sentada em um banquinho e o pessoal comendo caranguejo na varanda, quando vimos que ia cair. O poste em frente inclinou e caiu. Quando ele caiu, balançou o da varanda. Foi aí que vi e pensei ‘é, agora vai cair tudo aqui’”, contou.
Sem desistir, Ines recomeçou no Casa-Bar Erosão, onde permanece até hoje. Muitos dos utensílios que utiliza no bar são reciclados, vindos de lixos deixados na praia e doações. Orgulhosa, ela mostra o quadro com o nome do bar, desenhado e pintado por amigos, e a parede colorida da varanda, pintada e decorada por uma amiga próxima.
Apesar dos esforços de Ines em manter o seu bar em pé e em boas condições, a erosão tem dado sinais. A parte de trás do local é mantida por algumas telhas que, de alguma forma, impedem a parede de cair. No entanto, na cozinha já existe uma rachadura que Ines vai tentar segurar colocando mais telhas. “Porque se cair aquele lado, cai a casa”, comentou, apreensiva. Ela conta que vêm acompanhando, aos poucos, pequenas rachaduras se formando na casa. “Existe uma umidade que vai penetrando por baixo, é erosão mesmo.”
Sua tarefa agora é “manter [a casa] até onde a natureza deixar”, em suas palavras. “É um pouco tenso, sabe? Só colocando muita música, cantando muito karaoke aqui para a gente não ficar muito apreensivo”, desabafou.
Antes mesmo de toda a nossa conversa, Dona Ines fez questão de mostrar a música que idealizou, com a ajuda da Inteligência Artificial.
“Um mar, a água quentinha, misturada com o rio, é uma delícia, não tem quem não goste daqui. Tem gente que não troca um mar desse aqui nem pelos grandes centros”, disse.
Benilda Nunes é conhecida em Atafona pelo seu quiosque localizado no Pontal do distrito, à beira do Rio Paraíba do Sul, onde antes ficava a foz do rio. Chamada de “Barraca da Benilda”, o estabelecimento recebe moradores, turistas e frequentadores de Atafona que buscam um lazer, comida boa e tranquilidade em frente ao rio. Com a barraca há sete anos, Dona Benilda não esconde o prazer que tem com seu ofício. “Eu gosto muito de trabalhar aqui. Cozinho, faço e vendo de tudo um pouco e me divirto também. Brinco, dou risada, cada hora chega um conhecido, a gente conversa e o dia passa”, disse.
Benilda está em seu terceiro endereço. Na infância, morava na Ilha do Pessanha, até que o mar passou a atingir parte do lugar e os moradores tiveram que sair. Segundo ela, havia em torno de 80 casas na ilha, que era pequena e tinha poucos estabelecimentos, como um colégio e um mercadinho. Foi então que ela, junto de sua família, mudou-se para a Ilha da Convivência, que hoje também deixou de existir, como ilha, devido à ação do mar. As cerca de 300 famílias do local, incluindo a de Benilda, também tiveram que sair porque o mar vinha chegando cada vez mais. Após isso, foi morar em Atafona, recebendo um auxílio financeiro da prefeitura por apenas três meses.
Apesar da Ilha da Convivência ser hoje apenas um extenso areal conectado à Praia de Atafona, Dona Benilda se refere ao lugar como se ainda estivesse separado. “Aqui para mim é melhor ainda, eu venho para cá quase todos os dias. Eu gosto mais daqui do que de Atafona. Eu sempre falo: ‘Eu sou daqui, me criei aqui, eu sou da terra da convivência mesmo. Sou da ilha mesmo’” e continuou: “Aqui era muito bom de viver, para tudo, eu pegava caranguejo, botava uma rede no rio, pegava um peixe, qualquer coisa que você quisesse comer tinha. Tinha gente que vinha dar aula aqui, a gente estudava também.”
Religiosa, a fé para ela é um combustível para viver e seguir trabalhando com o que gosta. “Tenho muita fé em Deus, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Penha. Eu tenho fé”, contou.
Nascida em Campos dos Goytacazes, Marina Leite foi morar na cidade do Rio de Janeiro para estudar jornalismo na ESPM. Apesar da mudança de moradia, o que não mudou na realidade de Marina foi a ida para Atafona em todo verão. “Venho passar todos os verões aqui desde que eu nasci e eu não troco nenhum lugar do mundo para passar meu janeiro”, contou.
Marina cresceu ouvindo as histórias dos avós e do pai sobre Atafona. A família costumava ir todos os verões para a casa da avó de Marina, construção destruída pelo mar no ano que a menina nasceu, em 2002. Foi então que a família comprou outra casa para passar os verões, a algumas ruas atrás de onde o mar está hoje.
Apesar de não lembrar da primeira casa devido a sua idade, a jornalista diz que tem muitas memórias na moradia atual. “Todo mundo fala que aqui é um lugar que traz paz. Eu acho muito isso. Atafona é muito diferente de Campos e do Rio”, disse. “Mas eu acho que o que faz com que as pessoas gostem tanto daqui são as memórias que a gente cria no lugar.”
Em meio a tantas memórias, Marina optou por fazer um documentário sobre Atafona para o seu trabalho de conclusão de curso (TCC) da faculdade. Mas não um longa qualquer: a menina realizou seu trabalho a partir de um documentário que o próprio pai havia feito nos anos 90, junto com o padrinho dela. No longa, Marina mescla cenas atuais de Atafona com takes do filme do pai, além de entrevistas com moradores do distrito. Chamado de “Atafona: as histórias que o mar não leva”, o documentário busca falar do lugar para além da erosão costeira e do avanço do mar. Marina propõe, a partir de seu olhar como veranista do balneário, contar histórias e memórias que, segundo ela, fazem tantas pessoas permanecerem ou voltarem à Atafona.
“Atafona é mais do que um lugar que está sendo engolido pelo mar. Por que esse lugar não pode desaparecer? Por causa da gente, das pessoas que frequentam, das pessoas que moram e que querem que esse lugar continue vivo”, completou, se referindo a um dos motivos pelos quais quis fazer o documentário.
Apesar do avanço do mar está cada vez mais intenso, Marina não pensa em deixar de frequentar Atafona, muito pelo contrário. Segundo ela, pretende morar de vez no distrito quando estiver mais velha. “Eu converso muito isso com meus pais, eles têm essa vontade de quando ficarem mais velhos, virem morar nessa casa em Atafona. Eu também tenho essa vontade. É isso que Atafona traz, você não quer ir embora. Você quer ficar aqui, apesar do mar, você não quer sair”, contou.
Amante da biologia, Kauan Amaral escolheu a área como profissão, fazendo a graduação na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). Por um acaso ou não, esse apreço pela natureza é refletido na preocupação que tem com a localidade onde nasceu, cresceu e vive até hoje. Com 19 anos, Kauan sempre morou em Atafona e gosta muito de viver ali. Ele conta que não quer ver o distrito ser destruído por inteiro e ficar apenas em sua imaginação. “É uma coisa que a gente tem que levar a sério, porque se a gente não fizer nada, nós vamos sumir. Vamos perder nossa história”, disse ao citar o relatório da ONU de 2024, o qual aponta que até 2050 o mar vai subir 21 cm em Atafona.
Toda essa preocupação fez com que o menino, junto com mais três amigas, fizessem um trabalho para a escola denunciando a erosão costeira e o avanço do mar no lugar. O projeto “SOS Atafona”, realizado em forma de esquete, recebeu o terceiro lugar em dezembro de 2024 do Festival Transformar Seeduc 2024, iniciativa da Secretaria de Estado de Educação. A premiação ocorreu no centro do Rio de Janeiro, no Teatro Riachuelo. Segundo Kauan, conseguir levar a questão de Atafona para outros lugares, principalmente metrópoles como a cidade carioca, é muito importante para que mais pessoas conheçam e se sensibilizem com a causa. “Quando você é do interior e você vai pro Rio, ninguém conhece a sua história. A gente daqui sabe o que acontece lá no rio, mas será que eles lá sabem o que acontece aqui? Então a gente levou essa pauta, levamos que Atafona precisa de ajuda, contamos nossa história”, disse.
Para Kauan, a melhor parte de viver em Atafona é poder estar perto da natureza, das praias e do ar fresco. “Eu gosto muito de ir lá ver o mar, pra mim não tem coisa melhor. E o que eu amo fazer, acho que é minha coisa favorita, é ir ver o nascer do sol. E no final de semana, eu e meus amigos saímos, a gente gosta de ir à praia, jogar vôlei, futevôlei, e é sempre isso, não tem outra coisa para fazer aqui e mesmo assim a gente gosta muito de sair todo final de semana para isso”, lembrou.
No entanto, Kauan fala do quão ruim é ir à praia e encontrar escombros pelo mar, principalmente os vergalhões ou tijolos. Ele teme que, daqui a um tempo, a praia de Atafona fique completamente imprópria para banho. “A frustração é que ninguém faz nada por isso e a gente tem que ir direto lá para Grussaí [distrito vizinho], tendo aqui uma praia vasta…”, disse, decepcionado. Por isso, para ele, é importante que todos preservem e façam algo pelo distrito, principalmente os jovens.
“Nós, jovens, somos o futuro. Eu acho que se a gente mudar agora, num futuro próximo a gente consegue sim mudar alguma coisa. Também espero que não seja só por aqui, isso tem que ser uma coisa coletiva mundialmente, pq 1% do mundo fazendo uma coisa, é bom, mas não é suficiente. O coletivo é muito importante”, completou.
Antes do andor de Nossa Senhora da Penha chegar aos barcos para o início da procissão fluvial de Atafona, tradição da festa da padroeira, dezenas de fiéis a acompanham pelas ruas do distrito, enquanto rezam e cantam. Com uma blusa escrito “#atafonapedesocorro” nas costas, Patrícia Abud é uma das devotas que seguem Nossa Senhora até os barcos à espera da santa na beira do Rio Paraíba do Sul. Emocionada do início ao fim, Patrícia canta e agradece à padroeira da cidade que frequenta desde criança.
Patrícia é uma das mais de 100 integrantes da associação SOS Atafona, que dialoga com o poder público, organiza manifestações e busca mostrar, para cada vez mais pessoas, o que acontece no distrito. “Cada oportunidade que eu tenho, eu peço: ‘vamos lá ouvir a gente o SOS Atafona, dar voz para gente’. Eu sei que isso causa impacto, a nossa camisa causa impacto, mas não adianta só causar, a gente precisa fazer disso uma voz, para que a gente consiga que nos escutem, que o poder público nos escute”, comentou.
Devota de Nossa Senhora da Penha, Patrícia diz que Nossa Senhora lhe dá força para seguir lutando por Atafona. “Eu acredito muito que tenho uma missão na vida, que é ajudar o outro, e o que eu estou vivendo é essa missão.” Mas essa força espiritual, Patrícia também recebeu quando descobriu um câncer de mama em 2021. Após alguns médicos dizerem que ela não tinha nenhum problema específico, Patrícia mesmo assim não se conformou e, em uma ida a outro profissional, teve o diagnóstico. Hoje, já operada do tumor, ela explica o quanto Nossa Senhora foi importante nesse processo. “Minha médica dizia que era coisa [o câncer] da minha cabeça, porque meus exames recentes não davam nada. E quando eu resolvi ouvir aquela vozinha na minha mente, eu fui procurar e tinha. Eu cheguei ali na igreja e falei: "Nossa Senhora, caminha comigo, eu vou vir aqui sempre na sua festa para agradecer que nunca soltou as minhas mãos", contou, emocionada.
Histórias e memórias é o que não faltam quando as pessoas se referem à Atafona. E com Patrícia não é diferente: ela sonha que seus netos, no futuro, possam também criar muitas memórias no local. “Se eu puder fazer com que eles construam amizades como as que nós temos aqui em Atafona, já valeu tudo. Atafona tem isso. A cada esquina é uma história”. Por isso, ela segue lutando, articulando e torcendo para que algo seja feito no lugar onde criou tantas lembranças e que sonha que seus filhos criem também.
Às 5 e meia da manhã, “Nenéu” aparece ao lado de sua fiel companheira de quatro patas, a Pretinha, para pescar na Praia de Atafona. Com as duas partes de uma prancha quebrada, amarradas uma em cima da outra, o pescador enfrenta as ondas da praia para tentar garantir o seu almoço ou alguma renda para si. Pretinha o observa da areia e espera pacientemente. Na volta, Nenéu retorna com o semblante triste, de quem não conseguiu pescar um mísero peixe.
José Luiz Gonçalves Rosa, conhecido em Atafona como Nenéu, é morador do distrito há 49 anos. Antes de morar na localidade, o pescador residia com a sua família na Ilha da Convivência, onde nasceu em 1974. Com um ano de idade, teve de se mudar para Atafona devido ao avanço do mar na ilha, que fez ele, sua família e outras dezenas de moradores saírem de suas casas.
Em cima das ruínas de sua penúltima casa, que foi derrubada pela defesa civil devido ao risco do avanço do mar, Nenéu aponta para o oceano e diz: “minhas outras casas estão para lá”. Já foram quatro moradias perdidas para o mar. Na última, Nenéu viveu por 15 anos. Emocionado, ele conta que precisa ficar perto do mar, mas não consegue pagar o aluguel de uma casa pela orla. Atualmente, mora em uma antiga kitnet de seu pai em Atafona.
Nenéu então mostra seu barco, instalado em frente às ruínas de sua casa. Comprado em 2020, o pescador investiu o dinheiro que ganhava com a pesca e a confecção de redes e pagou o barco por R$10 mil. No entanto, naquele mesmo ano, a embarcação quebrou enquanto ele pescava em alto mar. Hoje, não tem mais condições para bancar o conserto do barco. Nenéu se emociona ao olhar para a embarcação ali parada, com o sonho de um dia conseguir voltar a pescar com ela.
O vento nordeste sopra forte e é possível ver voando as areias das dunas que ocupam o lugar onde era o quintal de Sônia Ferreira, moradora de Atafona há 27 anos. Ela entra no que resta da área pelas dunas, porque o portão da frente da casa já foi tomado. Enquanto caminha por ali, seu rosto demonstra uma espécie de luto e, ao mesmo tempo, decepção por tudo que vem acontecendo. Uma estátua de Nossa Senhora da Penha, que antes ficava ao lado de algumas plantas no quintal, hoje mora com Dona Sônia na casa da filha, há algumas ruas atrás de onde o mar está.
Nascida em Campos dos Goytacazes, Soninha – como é conhecida no distrito – cresceu aproveitando as férias em Atafona e sempre teve no lugar um refúgio de paz e memórias boas. Em 1978, ela e o marido decidiram construir uma casa de veraneio, onde recebiam toda a família.
Em 2019, o primeiro pedaço da casa de Dona Sônia caiu. Vendo o mar avançar, em 2022 ela decidiu demolir sua casa, antes que a perdesse de vez e inesperadamente. Depois da demolição, Sônia se mudou para a casinha na parte de trás do terreno, onde ficava o caseiro. Até que o mar passou a ameaçar o espaço também e, em outubro de 2023, ela foi morar com a filha, ainda em Atafona.
Quase dois anos depois, as ruínas da casa passaram a ser cada vez mais invadidas por areias, formando dunas no entorno e dentro do que antes era o quintal da casa de Sônia. Algumas de suas coisas ainda estavam na pequena casa de trás, onde viveu até 2023. Para quem vê de fora, pode até ser apenas uma ruína de uma casa. Mas, para ela, continua sendo o lar onde criou seus filhos, reuniu sua família e viveu uma vida.
Soninha conta que, além do mar, a areia também chega com muita força e vai destruindo as coisas. “A areia entra de uma forma muito agressiva, muito forte. Esse vento nordeste que é tão gostoso aqui em Atafona, está muito forte e vem trazendo essa areia. E não tem mais jeito, caiu outro pedaço do muro de anteontem para cá e aí vai. É mais um pedaço, outro pedaço e vai acabando. ” Precisou, então, retirar o quanto antes as suas coisas da casa, principalmente álbuns de fotos e outros objetos de grande valor sentimental.
Mas não foi só pela areia e o mar que a casa de Dona Sônia foi invadida. Com a casinha de trás ainda em pé, e diversos pertences dela ali, a casa passou a ser usada por moradores de rua e usuários de drogas, além de outras pessoas que entraram e roubaram o que ainda restava de móveis e objetos de Sônia. “Eu tinha ali no escritório muitos álbuns, muitas fotos, muitos porta-retratos, muitas coisas. E essas coisas foram jogadas no chão, foram espalhadas, foram pisadas, porta-retratos foram quebrados”, contou.
Em abril de 2025, ela decidiu então, demolir também a casinha de trás e tentar, aos poucos, “virar a página”. Segundo ela, é a fé que a mantém forte para seguir com a vida e continuar lutando pelo distrito.
“Deus e Nossa Senhora precisam e dão muita força para a gente, porque senão a gente não aguenta tanta destruição dos nossos sonhos, dos nossos encontros, da nossa família, dos nossos momentos de alegria. Então eu continuo com as minhas orações para agradecer que estou virando essa página.”, disse.
Deivid Soares nutre um amor pelo mar desde criança e sempre sonhou em ser pescador. Após pressões da mãe, entrou na escola com 8 anos de idade. No primeiro mês de aula, levou falta todos os dias, mesmo sem deixar de ir um dia sequer. Sem entender, perguntou à professora o motivo de seus registros de falta. Foi então que descobriu que seu nome era Deivid, e não Leandro, como sempre foi chamado pela família e por amigos. Em Atafona, é conhecido por todos como o “pescador Leandro que ficou à deriva no mar”.
Era 25 de dezembro de 2024, Leandro sabia que não haveria ninguém pescando na data, mas a vontade de estar no mar era maior. Foi então que, enquanto pescava, caiu no meio da Bacia de Campos. “Eu tentei voltar para o barco, mas ele estava ancorado e tinha um turbilhão de água muito, mas muito forte.” Nadou, nadou e nadou até sua exaustão física, mas não conseguiu chegar ao barco.
Religioso e de muita fé, Leandro conta que a todo momento falava com Deus. “Eu falei assim: ‘Ai, meu Deus, eu não sei aonde que eu vou parar, mas eu entrego minha vida ao Senhor’. Com grande conhecimento do mar, ele sabia que não podia se machucar, se não atrairia os cações, e que se nadasse à favor das águas, chegaria num cinturão de boias da Marinha. Dando o seu máximo para chegar até lá, as águas mudaram o curso.
“Aí veio a experiência de pescador. Eu comecei nadando totalmente para terra, poente. Comecei andando de lado. Nadando para terra, a corrente já era tão grande que me empurrava de lado. Aí eu cheguei perto da boia e subi”, contou.
Já de noite, com muito frio, Leandro sentia as mucosas do nariz queimando, de tanta água salgada que havia entrado. Usava o atrito das mãos para se esquentar. “Eu fiz isso mais algumas vezes na madrugada. Cheguei a pensar que eu ia morrer mesmo de frio. Nem na água eu fiquei tão preocupado. Agora lá eu pensei que ia morrer.”
No dia seguinte, Leandro viu um barco de pesca. Fazia sinal, mas ninguém o via. Depois, mais duas embarcações, e nada. “Chegou uma hora que eu duvidei da minha vida. Eu falei: ‘Será que eu tô vivo mesmo? Será que eu tô vendo eles e eles não tão me vendo’?”. Em Atafona, a esposa de Leandro começou a ficar preocupada pelo não retorno do marido, apesar de saber o quanto ele gostava de ficar no mar. Chamou então uma amiga que trabalhava numa rádio de comunicação para procurar por Leandro.
Duas embarcações foram à procura do pescador. Chegaram ao seu barco, mas não viram nada ali. Leandro estava mais à frente, nas boias. “Pegaram o barco, começaram a rebocar para a terra. E o outro barco veio a favor das águas me procurando. Eu vi ele primeiro do que ele me viu. E gritava: ‘Meu Deus, segue as águas, segue as águas e vai me achar’. Foi então que encontraram o pescador e seguiram para Atafona, onde Leandro foi recebido com muita comemoração.
“Hoje eu venho na igreja e falo: ‘Não tenho nada a pedir, eu só tenho agradecer’”, contou. Sua fé, que já era grande, agora se multiplicou. Leandro faz questão de estar presente em todas as missas. Ele conta que, em geral, os pescadores utilizam-se muito da fé para enfrentar o mar, principalmente com o avanço cada vez maior e o rio perdendo sua força a cada ano.
“Foi uma cena impressionante, parecia um outro World Trade Center.” Foi assim que Aluysio Barbosa se referiu à queda do “Prédio do Julinho”, único edifício que existia em Atafona, em 2008. Ele caminhava com o filho e um amigo pela praia, quando se deparou com o ângulo em que o prédio estava: “era um ângulo maior que a Torre de Pisa”. Foi ali que Aluysio teve a certeza que o prédio iria cair. Ao se afastarem um pouco do local, o edifício inclinado foi puxado por um vergalhão e, conta Aluysio, “ele caiu sobre si mesmo, parece que foi perfeito”. Após a queda, uma nuvem de fumaça e poeira se formou na região. Aluysio segurou nas mãos das crianças e disse “essa poeira vai baixar, não se assustem com o vento e não desgrudem de mim”. No entorno, várias pessoas assistiam a cena e gritavam. “É como se a destruição também tivesse virado um espetáculo em Atafona”, disse ele.
Aluysio Barbosa é jornalista, poeta e amante de Atafona. Nascido em Niterói (RJ), em meados dos anos 70 seus pais se mudaram para Campos dos Goytacazes, quando ele tinha apenas 1 ano. Foi então que todos os verões passaram a ser em Atafona. Até que, não querendo mais ser apenas um veranista, Aluysio decidiu mudar-se para o distrito em 1994 e permaneceu até 2005. Hoje mora em Campos dos Goytacazes, mas continua retornando aos finais de semana e nos verões para o distrito.
A admiração por Atafona é transbordada para os versos de seus poemas, muitos voltados para a vida no distrito. “Atafona é minha grande musa inspiradora”, disse. Aluysio lembra com orgulho de um episódio em que passava pela praia e viu um antigo pescador, que acabara de pegar um robalo. Quando passou por ele, o pescador disse “Aluysio, o poeta de Atafona”. “Esse foi o maior elogio que alguém me fez na vida. Para mim é um título nobiliárquico.”
Dentre diversos poemas, histórias e matérias redigidas, Aluysio lamenta o fato de o avanço do mar está destruindo, aos poucos, um lugar com tamanho apreço dos moradores e frequentadores. “De um ano para o outro você tem mudanças drásticas na geografia física de Atafona. Isso são casos levados, são memórias, são histórias. Aqui não tem esquinas que não tenha uma história, um papo cabeça que você levou, um namoro, um desentendimento”. E completa: “E fisicamente, essas memórias hoje estão submersas pelo mar.”
Jornalista há 30 anos do Grupo Folha, um dos principais veículos de Campos dos Goytacazes, Aluysio também acompanhou o avanço do mar pelas matérias que redigiu ao longo do tempo. Segundo ele, há uma noção de que todo esse processo de destruição em Atafona vem sendo cada vez mais banalizado. “Tanto o poder público municipal, quanto o poder público estadual, quanto união, executivo nas suas três instâncias… Não faltou representante também, parlamentar. Mas nada se reverte em concreto.”
“As pessoas já aceitam como uma coisa inexorável. É só um novo capítulo de uma velha história. Um novo capítulo de uma história muito antiga que se repete sempre”, completou.
“Enquanto existir Atafona, eu estou feliz”, disse Camila Hissa, gerente do Restaurante Ricardinho, um dos mais conhecidos estabelecimentos de Atafona. Moradora do distrito desde que nasceu, Camila deseja permanecer ali até quando não puder mais. Durante sua vida, viu os pais mudarem o restaurante de endereço algumas vezes. Hoje, na administração do atual negócio, Camila reflete sobre as soluções que podem haver para Atafona e torce para que algo seja feito.
Com um filho de 7 anos, Camila pretende continuar o criando em Atafona, para que ele possa também ter boas memórias ao lado da família. Segundo ela, o local tem tudo o que valoriza: ar fresco, paz, amigos, família e sem qualquer discriminação.
“Atafona sempre foi essa coisa meio homogênea, de que todo mundo se mistura e todo mundo é igual. Você vê as vezes o pescador com o desembargador, um médico conversando com pescador e todo mundo é amigo… É um lugar onde as pessoas vem e se sentem à vontade para ser elas mesmas”, contou.
O Restaurante Ricardinho foi inaugurado em 1978 pelos pais de Camila. Localizado no antigo pontal de Atafona, o mar passou a avançar no lugar onde ficava o restaurante e, então, precisaram encontrar outro lugar. No segundo endereço, o negócio não durou uma semana, o mar chegou rápido. Mudaram-se então mais duas vezes e hoje, no quinto endereço, o restaurante já permanece há cerca de 28 anos. “No quarto [endereço], a minha mãe não esperou o mar chegar. Quando ele estava na porta, ela já se mudou e veio para cá. Diferente dos outros locais, que têm histórias de panela sendo carregada, fogão, geladeira, tudo boiando…”, lembrou Camila.
Apesar de não ter vivido todas as mudanças de seus pais, a gerente cresceu ouvindo as histórias e hoje tem noção do quão doloroso é perder um local para o mar, seja uma casa, seja um restaurante. Para ela, toda essa perda não é culpa dos moradores de atafona, e sim resultado de algo muito maior.
“A conversa não é só qual é a solução, porque a solução passa por tudo isso: passa por você mudar o que está sendo feito, repreender quem está fazendo coisa errada… E a gente também tem que cuidar do rio, não é pensar que só o mar está avançando. A gente tem que entender que o rio também está fraco, também está assoreado, então o que a gente precisa fazer? Essa é a pergunta”, disse.
Segundo ela, a sua geração tem mais consciência do que vem acontecendo, diferente da geração de seus pais que mal sabiam do que se tratava e como acontecia. “O que estamos fazendo de verdade para mudar isso? O que to fazendo de diferente? Como posso contribuir? Fico tentando buscar respostas e cada vez mais conhecimento”, completou.